Sei que na curva extrema do caminho
espera-me paciente uma senhora
com um derradeiro cálice de vinho
que ao tempo em que deguste ao céu
me aflora.
Não sei se é pra depois ou se é pra
agora,
mas sei que com leveza azul de
linho
e com doçura de vermelha amora
tange-me o coração com som de
pinho.
Deixo-me então levar como criança
nas mãos dessa instantânea
ebriedade
que ao só raiar dilui cada
lembrança.
E assim suavemente, no fininho
de um traço em que nem caiba uma
saudade,
apago-me na curva do caminho.
Antologia Água Escondida (1994)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por dar a sua opinião.
Elogie, critique, mas faça isso com educação.
- Comentário com palavras de baixo calão será excluído.