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16 de julho de 2012

O Padre Quinzinho – Newton Alfredo Ribeiro de Noronha


 Certa vez, olhando pela janela da sala de nossa casa – eram  duas horas  da tarde de um sol escaldante – divisei ao longo da estrada de terra que leva para roça, um vulto de preto, chapéu e valise às mãos, que apertava o passo rumo a algum  lugar, lá pelas bandas do Chico Eva.
Chamei alguém que estava na sala e pedi que viesse descobrir comigo de quem se tratava.
Olhamos com atenção e chegamos a mesma conclusão: era o Padre Quinzinho -  de batina preta, chapéu e valise – que ia em direção à casa de alguém que estava doente e pedira para se confessar ou receber a comunhão.
Era assim mesmo; para o Padre Quinzinho, atender um pedido de confissão ou extrema-unção era mais que um dever, era a missão que lhe incendiava a alma de apóstolo e para qual não havia nada que postergasse o atendimento na hora certa - isto é – imediatamente.
Ele saía da mesa no meio de uma refeição, levantava da cama  fosse a hora que fosse, deixava reuniões pelo meio. Já o ví até interromper o início de uma missa, deixar os fiéis esperando, e ir primeiro atender um chamado de um doente.
Abrasava-lhe o coração a salvação das almas. Esquecia-se de si próprio em qualquer tempo e lugar. Se entrava no confessionário, era preciso chamá-lo para alguma cerimônia que devia presidir. Se ouvia dois toques de sino – era a senha – deixava as coisas pelo caminho: uma prosa, uma conversação oficial, uma visita ou um laser. Os dois toques de sino significava que alguém precisava – “in extremis” – da presença do sacerdote e por isso ele estava lá, dentro do menor tempo possível.
Essa era o Padre Quinzinho, o sacerdote que punha sua missão acima de qualquer preocupação de ordem pessoal. Extremamente prudente, sábio e caridoso, tinha a palavra inspirada e o conselho certo para todos que o procuravam. Seu carisma aliado à simplicidade pessoal atraía pobres e ricos, crianças e adultos, com os quais se comunicava com a mesma distinção em qualquer circunstância.
Pastoreou por mais de trinta anos a paróquia de Brazópolis, sempre com o mesmo entusiasmo apostólico. Recebeu por mérito e por virtude os títulos de Cônego e Monsenhor, mas gostava mesmo de ser chamado de Padre Quinzinho.
Padre Quinzinho era um nobre que não precisava parecer nobre, a sua nobreza era daquelas sem aparência externa. Estava na simplicidade de seus atos e na singeleza de sua expressão pessoal.
Sábio, porque estudioso, e  sempre bem informado, especialmente quanto aos assuntos da Igreja, era muito respeitado e admirado por seus irmãos no sacerdócio do Clero Diocesano.
Sua humildade era tão singular que confundia quem lhe quisesse prestar homenagens, porque ele, diplomaticamente, a endereçava a seus coadjutores ou a seus auxiliares, quando não inventava um personagem responsável pelos atos que estavam a merecer elogios e manifestações.
Grande liturgista, era enérgico no cumprimento das funções rituais, exigindo sempre que as celebrações, especialmente, a eucarística, fossem cumpridas integralmente e com grande selo e piedade.
Suas prédicas eram ricas, preciosas e plenas de unção apostólica. Orador de palavra fácil não tergiversava quando tinha que levar aos fiéis a doutrina social da Igreja exaradas nos documentos pontifícios e diocesanos.
Tinha uma grande predileção para com os pobres e humildes e reservava seu especial carinho para com os internos do Asilo Maria Adelaide, assim como aos enfermos do Hospital São Caetano e à Vila Vicentina.
Era, afinal, um homem cujas virtudes lhe precediam os passos, pois que o ar ao seu redor vibrava de uma maneira tão positiva, semelhante a aura dos santos, que comovia os mais empedernidos e frios cidadãos que dele se aproximavam.

Crônica do livro “Saga de um Tabelião”

Um comentário:

Anônimo disse...

r.c. diss...tudo isso que foi dito e pouco pela grandesa desse santo,tenho certeza ele esta ao lado de jesus. so quem o conheceu pode diser isto.

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