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16 de julho de 2012

O COMEÇO ( A LAJE )- Maurício De Mendonça


                 
           
             A História de nossa Cidade  firma-se em dois aspectos:


             Político-administrativo:   Em 1901, através de Lei Estadual, nº 319 , de 16 de setembro de 1901,”a Freguesia de São Caetano da Vargem Grande”, foi elevada a Vila, com o mesmo nome, emancipando-se do município de Itajubá, ao qual até então pertencia,com  o mesmo território do antigo distrito.
     
  Religioso:   No século XIX, pelo ano de 1812, a Diocese de São Paulo criava a capela da Laje, ali nas proximidades  onde fica o distrito de Dias. Os moradores da região assistiam ali as missas que, de quando em quando, eram ali celebradas e recebiam os sacramentos religiosos.Pouco mais tarde, com a construção de uma capela no outeiro próximo ao ribeirão Vargem Grande, em 1838, o movimento religioso para ali se convergiu. Com a exigência diocesana em receber um patrimônio imobiliário para elevar a capela ao Curato (o que significava ter  sempre um Cura, um sacerdote  responsável pela prática dos atos religiosos) os moradores da região, tendo a frente a fazendeira Ana Chaves, cumpriram as exigências do Bispado paulista, doando a ele 30 alqueires de terras e construindo uma  capela maior, o que só ocorreu dez anos depois.Em lei provincial nº364, de 30 de setembro de 1848, era elevado a categoria de Freguesia e distrito de paz o Curato de São Caetano da Vargem Grande. Nascia, então, a Paróquia de nossa Freguesia.

            Mas, o certo é que, segundo os antigos alfarrábios que contam a história de nossa terra, até fins do Século XVIII  , a região do sul mineiro  era  passagem para o sertão onde viviam os índios. Por ali passavam os sonhadores ambiciosos a cata do tão propalado ouro das minas e pedras preciosas, os famosos bandeirantes, desbravadores do sertão. Muitos paravam pelos caminhos e iam construindo suas vidas e constituindo família, deixando o sonho do ouro de lado e mergulhando na agricultura a procura de seu sustento. Os mais antigos habitantes de nossa cidade,contavam terem ouvido de seus antepassados  que  aquela Laje existente no lugar onde fora construída a primeira capela da região, continha uma história bem peculiar, como sendo a testemunha de um fato milagroso. Ela existia a beira da estrada que une as cidades de Brazópolis e Piranguinho, perto da fazenda do Campinho. Quem a olhasse bem de perto iria observar  uns sulcos na pedra,semelhante as pegadas humanas.  O fato, que virou história ou lenda,  segue abaixo em forma de poema .                                                                                                                      
                                   A  PEDRA  DA  LAJE
                       
                        Aquela pedra da Laje
                        Ou a Laje de Pedra
                        Que existia ali no caminho
                        Engoliu-a de vez o asfalto
                        Bem próximo ao  Campinho.

                        Num tempo que o passado guardou
                        Onde corria o pó da estrada
                        Seguindo para a capela
                        Filho violento o pai tocaiou
                        Naquela laje de pedra

                        Durante horas ele ali ficou
                        Empunhando firme a cartucheira
                        Já exausto naquela manha inteira
                        Esperando seu velho cuja vida ia tirar
                        Quis o jovem daquela pedra se safar

                        Mas eis que a ira Divina se manifestou
                        Laje com firmeza seu pé segurou
                        O infeliz por clemência aos céus pediu
                        O pai na curva da estrada afinal surgiu
                        E ao filho ingrato comovido perdoou!

                        O rapaz por alívio da Laje se soltou
                        Mas a pedra lisa para si guardou
                        A marca do pé daquele desgraçado
                        Que no próprio  chão esculpida ficou
                        Lembrando o gesto vil de um celerado
                       
                        Na História daquela cidade
                        Se foi lenda ou foi verdade
                        Na Laje pousou o anjo de bondade
                        Afastando o moço daquela iniqüidade!!                                                                                                                                                                            
           
Já no Século XX , nos idos dos anos 50, os senhores governantes, na avalanche do progresso, na febre de se espalhar pelo país inteiro a malha rodoviária,passaram a construir rodovias. Nossa região  também foi brindada com o asfalto em suas estradas. Infelizmente, por negligência, descaso ou desinteresse de preservar nossa História, nossas autoridades municipais da época, permitiram que os técnicos responsáveis pelos traçados da rodovia, fizessem com que a  “histórica  Laje” fosse alijada do caminho, esfacelada ou encoberta para sempre pelo asfalto que ali foi estendido. Assim, nasceu a nova e moderna estrada e destruindo um dos históricos marcos a testemunhar o nascer de uma cidade, um guardião de nossa memória. Hoje, com o desaparecimento  da Laje, há  apenas no registro da história do município essa alusão à  triste e misteriosa História ou Lenda ,   a contar a manifestação do poder divino  executado pela natureza. É mais um entre tantos elos com o passado de nossa história que se perdem no descaso dos responsáveis pela nossa administração, em prejuízo irremediável da Memória de nosso Município.
           
“ Quando o Presente  destrói o Passado, o  Futuro só revolve escombros “.
                                                                                                       - André  Petry -


            Maurício De Mendonça – B.Hte, maio de 2012-

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