A História de nossa Cidade firma-se em dois aspectos:
1º
Político-administrativo: Em
1901, através de Lei Estadual, nº 319 , de 16 de setembro de 1901,”a Freguesia
de São Caetano da Vargem Grande”, foi elevada a Vila, com o mesmo nome,
emancipando-se do município de Itajubá, ao qual até então pertencia,com o mesmo território do antigo distrito.
2º Religioso: No século XIX, pelo ano de 1812, a Diocese de São
Paulo criava a capela da Laje, ali nas proximidades onde fica o distrito de Dias. Os moradores da
região assistiam ali as missas que, de quando em quando, eram ali celebradas e
recebiam os sacramentos religiosos.Pouco mais tarde, com a construção de uma
capela no outeiro próximo ao ribeirão Vargem Grande, em 1838, o movimento
religioso para ali se convergiu. Com a exigência diocesana em receber um
patrimônio imobiliário para elevar a capela ao Curato (o que significava ter sempre um Cura, um sacerdote responsável pela prática dos atos religiosos)
os moradores da região, tendo a frente a fazendeira Ana Chaves, cumpriram as
exigências do Bispado paulista, doando a ele 30 alqueires de terras e
construindo uma capela maior, o que só
ocorreu dez anos depois.Em lei provincial nº364, de 30 de setembro de 1848, era
elevado a categoria de Freguesia e distrito de paz o Curato de São Caetano da
Vargem Grande. Nascia, então, a Paróquia de nossa Freguesia.
Mas, o certo é que, segundo os
antigos alfarrábios que contam a história de nossa terra, até fins do Século
XVIII , a região do sul mineiro era passagem
para o sertão onde viviam os índios. Por ali passavam os sonhadores ambiciosos
a cata do tão propalado ouro das minas e pedras preciosas, os famosos
bandeirantes, desbravadores do sertão. Muitos paravam pelos caminhos e iam
construindo suas vidas e constituindo família, deixando o sonho do ouro de lado
e mergulhando na agricultura a procura de seu sustento. Os mais antigos habitantes
de nossa cidade,contavam terem ouvido de seus antepassados que aquela
Laje existente no lugar onde fora construída a primeira capela da região, continha
uma história bem peculiar, como sendo a testemunha de um fato milagroso. Ela
existia a beira da estrada que une as cidades de Brazópolis e Piranguinho,
perto da fazenda do Campinho. Quem a olhasse bem de perto iria observar uns sulcos na pedra,semelhante as pegadas
humanas. O fato, que virou história ou
lenda, segue abaixo em forma de poema .
A PEDRA
DA LAJE
Aquela pedra da Laje
Ou a Laje de Pedra
Que existia ali no
caminho
Engoliu-a de vez o
asfalto
Bem próximo ao Campinho.
Num tempo que o passado
guardou
Onde corria o pó da
estrada
Seguindo para a capela
Filho violento o pai
tocaiou
Naquela laje de pedra
Durante horas ele ali
ficou
Empunhando firme a
cartucheira
Já exausto naquela manha
inteira
Esperando seu velho cuja
vida ia tirar
Quis o jovem daquela
pedra se safar
Mas eis que a ira Divina
se manifestou
Laje com firmeza seu pé
segurou
O infeliz por clemência
aos céus pediu
O pai na curva da
estrada afinal surgiu
E ao filho ingrato
comovido perdoou!
O rapaz por alívio da
Laje se soltou
Mas a pedra lisa para si
guardou
A marca do pé daquele
desgraçado
Que no próprio chão esculpida ficou
Lembrando o gesto vil de
um celerado
Na História daquela
cidade
Se foi lenda ou foi
verdade
Na Laje pousou o anjo de
bondade
Afastando o moço daquela
iniqüidade!!
Já no Século XX , nos idos dos anos 50, os senhores
governantes, na avalanche do progresso, na febre de se espalhar pelo país
inteiro a malha rodoviária,passaram a construir rodovias. Nossa região também foi brindada com o asfalto em suas
estradas. Infelizmente, por negligência, descaso ou desinteresse de preservar
nossa História, nossas autoridades municipais da época, permitiram que os
técnicos responsáveis pelos traçados da rodovia, fizessem com que a “histórica
Laje” fosse alijada do caminho, esfacelada ou encoberta para sempre pelo
asfalto que ali foi estendido. Assim, nasceu a nova e moderna estrada e destruindo
um dos históricos marcos a testemunhar o nascer de uma cidade, um guardião de
nossa memória. Hoje, com o desaparecimento da Laje, há apenas no registro da história do município
essa alusão à triste e misteriosa
História ou Lenda , a contar a manifestação do poder divino executado pela natureza. É mais um entre
tantos elos com o passado de nossa história que se perdem no descaso dos
responsáveis pela nossa administração, em prejuízo irremediável da Memória de
nosso Município.
“ Quando o Presente
destrói o Passado, o Futuro só
revolve escombros “.
- André Petry -
Maurício De Mendonça – B.Hte, maio
de 2012-
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