Na rua há tanto mistério
e há tanta aura de templo;
povoa-a um ar tão etéreo,
que de céu parece exemplo.
Nessa rua se brincou,
se cantou e se sorriu,
e tanto olhar se trocou,
que o seu coração se
abriu.
Se abriu talvez pra
guardar
a inocência que passava
sem perceber que ao passar
para sempre se guardava.
Guardou-se como o sorriso,
como o canto e como o
olhar
no espaço feito preciso
pra o próprio tempo
guardar.
E hoje, o chão em que se
pisa
eleva, ao se lhe pisar,
um pó de prece imprecisa
como um molhado de olhar.
Ao longo da rua soa
e inundando-a se acomoda
uma saudade tão boa
como cantiga de roda.
Essa rua não tem nome
nem placa que a
identifique
para que nunca se tome
como coisa que se
explique.
É apenas rua do olhar
e do riso que se abriu
e que ao fazer-se guardar
nunca mais se definiu.
Um comentário:
Belo poema. Saudoso e sentimental.lindo!
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