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5 de novembro de 2015

Essa Rua - José Eustáquio Cardoso



Na rua há tanto mistério
e há tanta aura de templo;
povoa-a um ar tão etéreo,
que de céu parece exemplo.

Nessa rua se brincou,
se cantou e se sorriu,
e tanto olhar se trocou,
que o seu coração se abriu.

Se abriu talvez pra guardar
a inocência que passava
sem perceber que ao passar
para sempre se guardava.

Guardou-se como o sorriso,
como o canto e como o olhar
no espaço feito preciso
pra o próprio tempo guardar.

E hoje, o chão em que se pisa
eleva, ao se lhe pisar,
um pó de prece imprecisa
como um molhado de olhar.

Ao longo da rua soa
e inundando-a se acomoda
uma saudade tão boa
como cantiga de roda.

Essa rua não tem nome
nem placa que a identifique
para que nunca se tome
como coisa que se explique.

É apenas rua do olhar
e do riso que se abriu
e que ao fazer-se guardar
nunca mais se definiu.


Niterói, 18/1/2008

Um comentário:

Amélia C. Tristão disse...

Belo poema. Saudoso e sentimental.lindo!

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