HONESTIDADE NUNCA É DEMAIS - Ricardo Barreto Ferreira

Decepcionei-me com a política em 1989 quando Lula e Brizola não se aliaram para derrotar Collor. Por isso estamos pagando até hoje.

Sei que estou errado em não me engajar em algum movimento para fazer alguma coisa para mudar o sistema que aí está ou empregar um pouco do meu tempo de ócio como voluntário para ajudar a diminuir o sofrimento dos mais carentes, principalmente as crianças.

Parte meu coração quando vejo crianças nas ruas mendigando, limpando o pára-brisa dos automóveis e cheirando cola.

Fico imaginando como seria maravilhoso todas essas crianças na escola, com uma boa educação, alimentação e moradia.

Quantos Einsteins, quantos Pitanguys, quantos artistas e profissionais competentes não teríamos entre eles?

Quando era mais novo participei de movimentos políticos de oposição, no tempo em que a política era uma atividade perigosa. Mas o que encontrei foram pessoas vaidosas, mais interessadas em preservar privilégios adquiridos do que realmente ouvir, analisar e aceitar ideias diferentes das suas.

A reação é muito grande quando você chega com uma ideia nova. Você tem que lutar muito para conseguir impor a sua opinião.

Minhas ideias sempre foram rejeitadas por unanimidade quando as expunha. Embora, depois de algum tempo, viessem me dizer que eu estava certo, que deveriam ter feito o que eu propusera. Talvez eu estivesse certo, o momento que era errado para o que eu propunha. Talvez eu estivesse errado em algumas coisas. Não sei. Nunca as minhas ideais foram colocadas em prática para ver se funcionavam.

Há mais de 30 anos defendo a ligação do rio Tocantins com o rio São Francisco e a transposição das águas deste para o sertão nordestino, resolvendo de uma só vez o problema das enchentes no Centro-Oeste e a seca do Nordeste.

Continuo a favor do Socialismo, apesar de todos dizerem que o Socialismo morreu com o fim da União Soviética e apesar de reconhecer que é muito difícil fazer o trabalhador produzir melhor a não ser que obtenha vantagens sobre os outros ou viva com medo de ficar desempregado.

Não entendo porque os EUA e Japão diminuem os juros e incentivam a população a consumir e o Brasil se faz exatamente o contrário.

Sou contra a religião e o misticismo e vejo cada dia a religião e o misticismo crescerem no mundo.

Está muito difícil manter a sanidade no meio de tanta informação contraditória e, além do mais, não tenho certeza se as ideias que defendo são as certas. E se eu estiver errado e outros é que estiverem certos?

Será que não devemos deixar funcionar a teoria da evolução de Darwin de que os mais aptos é que devem sobreviver?

Das ideias que defendi me arrependo apenas de uma; a de que “honestidade demais é burrice”. Estava errado; “honestidade nunca é demais”. Perdoem-me.

Por tudo isso é que vivo recolhido na minha caverna esperando o dilúvio passar ou ser arrastado por ele.