Conexão
constante caracteriza-se pela fuga da realidade, segundo especialista
Uma das
características da dependência tecnológica é negligenciar tarefas cotidianas
BRUNO
YONEZAWA
YAGO
DELBUONI
Os aparelhos
eletrônicos estão presentes em todos os momentos, no trabalho, em casa, até
mesmo em momentos de lazer. No entanto, se usados em excesso, o que era
sinônimo de facilidade e praticidade, torna-se um problema.
A
experiência de sentir o celular vibrar no bolso sem ele balançar é uma espécie
de alucinação chamada de Síndrome da Vibração Fantasma e pode ser causada
devido ao uso constante do aparelho. Essa é apenas uma das consequências de
vício tecnológico.
O psicólogo
Cristiano Nabuco de Abreu, especialista no tratamento de dependência
tecnológica, disse que esse tipo de vício pode ser comparado à dependência
química. “O usuário fica cada vez mais tempo conectado à internet e aos
aparelhos tecnológicos em busca da satisfação e, com isso, não consegue se
desprender desse hábito”, contou.
A psicóloga
comportamental Angélica Capelari contou que o vício é caracterizado quando a
pessoa sofre ao deixar de usar o celular ou computador.
Abreu
explicou que “o indivíduo passa a apresentar irritabilidade quando está longe
de aparelhos tecnológicos”. Ele relatou, ainda, que há o comprometimento das
relações sociais e de trabalho, em função da negligência das atividades
cotidianas.
Ainda não
considerada uma doença oficial e, sim, um diagnóstico experimental, a
dependência tecnológica desenvolve-se quando “o usuário busca na tecnologia, um
refúgio. É uma forma de fuga da realidade”, falou Abreu.
Angélica
relatou que, para deixar o vício, é preciso procurar outras formas de
informação. “Ao invés de utilizar o celular ou computador, algumas alternativas
são ir à biblioteca ou ao cinema.”
Já Abreu
recomendou a procura por um profissional de saúde mental. “O usuário será
acompanhado por um psicólogo e psiquiatra e, ainda, submetido à psicoterapia
(atendimento com a finalidade de superar dificuldades emocionais,
comportamentais ou cognitivas)”, relatou.
O psicólogo
explicou que a própria dependência pode desencadear outras doenças e
transtornos mentais. “Essa conexão constante pode desenvolver problemas de
coluna e problemas psiquiátricos, como tristeza e depressão.
Dependência
x Vício
Angélica
alerta que existe uma linha tênue entre dependência e vício tecnológico. “A
dependência se dá no momento que precisamos desses equipamentos para realizar
tarefas essenciais, como trabalhar ou se comunicar. Já o vício é quando há uma
necessidade constante de mexer no celular ou nas redes sociais”, disse.
Já o
psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu acredita que a dependência e o vício são a
mesma coisa. Devido ao caráter experimental dos estudos na área, não há como
definir o termo correto.
*Esta
reportagem foi produzida por estagiários da Redação Multimídia da Universidade
Metodista de São Paulo
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