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11 de novembro de 2015

“A VOZ AMIGA DO SUL DE MINAS” - Maurício Braga de Mendonça



            Este era o slogan  com que foi batizada a nossa querida emissora de rádio, a primeira a se ouvir em nossa terra e adjacências. Ela nasceu no florir da década de 50, no século passado. O saudoso Déo ( Deoclécio Campos Caridade) registra muito bem através das páginas do livro “Brazópolis – Cem anos de Emancipação Política”, publicado pela “Academia Brazopolense de Letras e História -ABLH- 2001”,  a História da   “ZYV 26”.
O acadêmico  faz lembrar   uma curiosidade,  como a Rádio era conhecida quando principiou a funcionar, ainda em caráter experimental. Por estar instalada em um prédio na praça da matriz, tendo os seus alto-falantes presos no alto do velho  e solitário coqueiro,    o povo logo apelidou a emissora de “Rádio Coqueiro”.
Após obtida a necessária licença, foi a emissora inaugurada ,em 14 de julho de 1951 , passando a funcionar como a: “ ZYV-26, Rádio Difusora Brazópolis, operando em 1110 quilohertz”.
A Rádio,que no início esteve instalada  em diversos locais ,fixou-se finalmente em prédio próprio, no alto da Av. Pedro Rosas , próximo ao Hospital São Caetano.
Seus primeiros locutores foram:  Deoclécio Campos Caridade (o sempre chefe do grupo), Lafaiete Rezende (filho do conhecido farm. Francisco Rezende), o Geraldinho Gomes bastante conhecido (filho do Sr. José Aniceto Gomes e um dos integrantes do grupo de pioneiros ) e José Luis Oliveira, o popular Ito ( filho do comerciante Agenor Oliveira) . Pouco depois a eles se juntava  o Antônio Gomes ( o Toninho seleiro).Após alguns meses , com a saída de Geraldinho, envolvido na política local, Lafaiete, que voltara às suas atividades de viajante comercial, e o Ito, que mudara com a família para Belo Horizonte, a emissora recebia uma leva de jovens locutores: Romualdo Dotta, Francisco Sandy, Higino Lázaro, Guilherme Gomes e este modesto escriba.Na mesa de som atuaram: Higino , Marcelo Souza Cruz, ( Marcelão), Augusto Carvalho, Mauro Mendes, Paulo Mendes,  José Vicente Mendes e outros mais que peca minha memória por não mais lembrar seus nomes. Houve um tempo em que a Rádio esteve funcionando em uma das dependências da residência do João Mário Mendonça, o notável “Menestrel”,   que  juntamente com  o Fábio Faria Gomes assumira a direção da   emissora por um curto período até dar-se o encerramento de suas atividades e mais tarde ser vendida a terceiros. .
Sobre o inesquecível Ito de Oliveira, um dos primeiros locutores, há um fato curioso que não deve ser esquecido.  Amante do esporte, principalmente o futebol.Ali na rádio ele criou um programa diário de 5 minutos, e não mais,de notícias do esporte.Era “O Bola na Antena”, onde ele divulgava notícias do futebol, principalmente, de times paulistas e cariocas, pois sendo nossa região, próxima a esses dois grandes centros brasileiros,Rio e São Paulo, seus clubes gozavam  ali de grande prestígio. As vezes, o Ito levava a aparelhagem radiofônica para o estádio municipal “ Dr Ataliba”, a fim de transmitir um jogo de importância para a cidade. Ele era o locutor esportivo e fazia muito bem suas transmissões, nada devendo aos locutores das capitais. Com sua saída o “Bola na Antena” murchou,
Toda essa história sobre a saudosa emissora cuja narração do livro não está completa, é para , lembrarmos das “pérolas”, ou seja, as “gafes e causos”que em seu microfone nasciam. O primeiro fato curioso, e por que não incrível, foi quando a rádio funcionava próxima ao hospital. Era num modesto galpão, muito precário, situado praticamente num grande terreno que servia de pasto a eqüinos, puxadores de carroças.Em seu estúdio havia uma peça de de ferro em forma de panela tirada de uma roda de caminhão onde com um pequeno porrete ali vibrando produzia-se um som semelhante ao sino. Era o marcador de horas.Uma bela tarde, o locutor , ao tentar dizer a hora certa  no microfone: “Em Brazópolis são tantas horas...” tentou soar o tal   “gongo” quando  foi surpreendido com o relincho de um burrico que ali adentrava no exato instante,!! Foi, afinal, o asno  responsável pela informação da hora..!?.; _  O locutor, que  “distraído” foi anunciar a música a ser transmitida leu: “Ouçamos agora com a famosa  Emilinha Borba  o bonito bolero:”Iaá iaá com Dios!?!”-  nome correto: “Vadya con Dios”; _ Num outro momento o locutor anuncia:Agora ouçamos  com o Trio Los Panchos o notável bolero: “Cuícas,Cuícas,Cuícas”!?! – tratava-se do conhecidíssimo “Quizás, Quizás, Quizás”. _ Na propaganda comercial, o locutor, na sua empolgação ao ler o texto, leu: “A Casa X..comunica a sua distinta freguesia  que recebeu um novo estoque de peças de “Lingieri” !? Lera truncadamente e no seu português   a palavra francesa:LINGERIE. _ Na propaganda aos fazendeiros, o locutor avisa:” “Atenção senhores fazendeiros e sitiantes: A Casa do Fazendeiro lembra aos seus fregueses que acaba de receber os afamados “Milhos Ibríiiiidos”!!!. Ele queria dizer “Milho HÍBRIDO”;  _  Aquele locutor não dispensava uma cerveja, e quando foi anunciar o produto, “Fogos Caramurú”, simplesmente falou, empunhando sua latinha de cerveja que estampava uma cara de boi: “Se não tem a cabeça de touro, não é a legítima “cerveja Caracu”!!?!A propaganda correta deveria ser: “Se  a embalagem não traz a cabeça de índio não é Fogos Caramurú”!!!
Estas e muitas outras histórias são contadas no tempo que o próprio tempo levou.  Aquela turma alegre que vivenciou a querida ZYV – 26 nos anos que fizeram a década de 50, no sécuo XX, em poucos anos se dispersou, seguindo cada qual a sua estrada e seu destino a procura da realização de seus sonhos . A maioria ficou pelos caminhos,    encantados,transformados em suaves e gostosas lembranças que a imensa saudade não mata jamais.
Meu caloroso abraço aos remanescentes de nossa saudosa Rádio Difusora de Brazópolis  . Voltarei outra vez.

       Maurício Braga de  Mendonça
        Belo   Horizonte _ 2012.

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