Lembro quando eu era criança, lá na roça. Era dia especiar.
Mãe, pai e a irmanzada toda ponhava a mió ropa, que as veiz tava apertada por moque que era as mesma do ano transpassado. Mai nói num tinha outra.
Então a gente vinha na missa do galo. Eu passava a missa intera percurano o tar galo e inté hoje num sei por mode que essa missa chama de galo.
Adespois nóis dava umas vorta na praça, ia no bar do Dito Viera compra pipoca doce e guaraná.
Daí o sono batia e a gente ia imbora. Pegava aquele estradão e nóis andava, andava e demorava um mundo pra chegá.
No caminho eu ia pensano: Será que nesse ano o Papai Noer acha a nossa casa?
Chegava lá, disfarçano, oiava em tudo qui é canto e nada de presente. Tamém como é que o coitado do papai Noer véio desse jeito ia achá nóis naquele fundo de mundo?
Um dia cramei pra minha mãe que o nosso Natar era muito chato.
Ela fico uma fera, sortano inté fogo pras venta e falô: _ O Natar de verdade é qui nem o nosso. Nóis fumo na missa, na casa de Jesuis e passamo o niversário dele juntinho quele e ocê ainda reclama?
Fiquei ispantada!
Natar é niversário de Jesuis? – perguntei.
_Claro que é, respondeu minha mãe cum cara de quem tá cu saco cheio dê tê uma fia burra qui nem eu.
_Mais e o presente? preguntei prela.
_Seu presente é nossa famía feliz, tudo mundo forte que nem um toro.
Fingi qui concordei e intá acho que ela tinha razão.
Desse dia em dianti eu nunca mais reclamei de não ganhá presente. Mais nunca perdi a esperança di ganhá um presentinho do tar papai Noer.
Mais tamém nunca entendi o que esse veio barbudo véio se intrometê na festa de aniversário de Jesuis.
Véio atrivido e intrometido! E ainda por riba dá presente só pá fio de rico.
Barbudo puxa saco duma figa! Ele divia arrumpa um dia só dele e num ficá entrano de sapo na festa de Jesuis!
Feliz Natar pro ceis tudo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por dar a sua opinião.
Elogie, critique, mas faça isso com educação.
- Comentário com palavras de baixo calão será excluído.