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9 de janeiro de 2014

LUZ MAL PLANEJADA DESTRÓI CÉU NOTURNO


                        
O brasiliense Marcelo Domingues, 39, sabe bem qual é a dor de perder o céu.

Astrônomo amador, ele se mudou há dez anos para um condomínio em Sobradinho, cidade-satélite da capital, onde passava as noites observando as estrelas. Até que a companhia elétrica local mexeu na iluminação pública. "Destruiu tudo", resume.

A luz dos postes passou a ofuscar os astros e Domingues ficou sem seu local privilegiado de observação.
O outrora famoso céu noturno de Brasília é uma vítima do crescimento urbano das duas últimas décadas. Ele veio acompanhado da expansão da iluminação pública: 3,4 milhões de postes novos só entre 2000 e 2008.

O problema é que essa iluminação é ineficiente. Os postes jogam a luz em todas as direções, inclusive para cima. Isso privou as cidades da visão das estrelas.

Em Brasília, por exemplo, era possível observar a olho nu a Via Láctea e quase 2.000 estrelas por ano no começo da década de 1990. Hoje, o número caiu para 150.

As primeiras vítimas dessa poluição luminosa, claro, são os astrônomos.

A Universidade de Brasília tem um observatório didático na cidade que ficou parcialmente inutilizado. "Em dez anos qualquer observação ficará inviável", diz o físico José Leonardo Ferreira.

A USP passou por esse problema já nos anos 1990, quando foi obrigada a mover seu observatório de Valinhos, região de Campinas, para Brazópolis (MG).

A cidade abriga o maior telescópio do país, do Pico dos Dias, no LNA (Laboratório Nacional de Astrofísica).
O pico, porém, também foi alcançado pelas luzes. Segundo um cálculo do engenheiro do LNA Saulo Gargaglioni, a poluição luminosa das cidades vizinhas faz com que o espelho de 1,6 m de diâmetro do telescópio tenha a potência real de 1,3 m.

DESPERDÍCIO

Mas não são apenas astrônomos e casais apaixonados que perdem com a poluição luminosa. Ela também causa danos reais ao bolso do consumidor de energia.

"As luminárias comuns desperdiçam de 30% a 35% da luz", diz o astrônomo amador mineiro Tasso Napoleão. "Com um anteparo nas luminárias, poderiam usar lâmpadas de menor potência e economizar dinheiro".

Foi o que se fez na República Tcheca, primeiro país do mundo a aprovar uma lei contra a poluição luminosa, e na região italiana da Lombardia. Em ambos os lugares, a substituição da iluminação pública devolveu várias estrelas à população.

No Brasil, segundo Marcel da Costa Siqueira, gerente de Eficiência Energética em Iluminação Pública da Eletrobras, existe uma norma técnica que aborda o assunto, mas "sem caráter restritivo".

Saulo Gargaglioni, do LNA, propôs na sua dissertação de mestrado, na Universidade Federal de Itajubá, um rascunho de lei nacional sobre o tema. "Não deu em nada", conforma-se.

Sem poder salvar o céu do país, o LNA tenta um acordo para mudar a iluminação urbana dos vizinhos. Nos bairros novos, tem dado certo.

 Autor: Cláudio Angelo
Fonte: Unisinos

7 comentários:

Anônimo disse...

Não é o município de Itajubá o que mais LUCRA com esse Laboratório? Pois deveria ser o primeiro a ser penalizado com uma lei Federal, que regulasse sua iluminação pública ...

Unknown disse...

Com uma iluminação ineficiente e mal dimensionada, em Brazopolis por exemplo nas ruas da periferia e nas estradas que saem da cidade todas mal iluminadas , lampadas queimadas e quem tem que andar a noite fica difícil errar um buraco; e o pior é que pagamos por iluminação pública, absurdo.
E vem alguém preocupado em olhar para o céu e ver estrelas, foca e chão e sinta a realidade pelas estrelas você não paga nada a iluminação pública artificial, por essa você paga.

Anônimo disse...

Se cada um fizesse a sua parte sem procurar culpados seria melhor.
Além do mais, uma iluminação adequada seria ótimo para nosso bolso como citado no texto também para nossa segurança, pois a iluminação seria melhor direcionada. Minha sugestão é que a prefeitura traga uma fábrica de luminárias "adequadas" para Brazópolis, pois além de dar empregos poderíamos ser pioneiros neste trabalho. Bom para o Observatório? Melhor para a nossa cidade.

Unknown disse...

Outra dificuldade relacionada com as questões acima é o serviço de instalação de energia elétrica, realizado pela CEMIG. Sou de São Paulo, tenho uma chácara na zona rural de Brazópolis e desde de setembro não consigo finalizar o meu pedido de instalação da rede de energia elétrica do poste da estrada para o meu poste residencial, através da unidade da CEmIG de Itajubá. De setembro pra cá, já preenchi três formulários, sendo que dois deles a empresa reconheceu que estavam errados ou desatualizados, além de marcar a realização do serviço somente para o final de 2014. Como não bastasse a demora, ainda chegou em minha casa, São Paulo, uma correspondência da CEMIG de POUSO ALEGRE informando que precisava de outros documentos para dar sequência ao meu pedido. Enfim, muita burocracia, desentendimento sobre as informações dadas entre as unidade de Itajubá e Pouso Alegre. Afinal, de quem é a responsabilidade de prestar um serviço público rápido e eficiente? Se os cidadãos desta cidade sofrem com a ineficiência dos serviços públicos, imagine as pessoas que escolheram Brazópolis como o seu recanto, mas não podem estar mais perto dos órgãos públicos desta cidade e cobrar com mais veemência.

Unknown disse...

É Pedro Emanuel, infelizmente Brazópolis está completamente esquecida pelas autoridades locais, nasci aqui, fui com minha familha prá s.p. em 1959, eu era então criança mais certas coisas não me esqueço, voltei agora em 2009 e percebo com tristeza que nada mudou, será que não é prá fazer jus ao apelido de CIDADE PREZÉPIO?

Anônimo disse...

Cara chato esse tal de Benedito, da palpite em tudo....

Unknown disse...

Pois é Benedito. Conheci a cidade através de uma amiga que morou aqui em SP.
Acho que os brazopolenses precisam se mobilizar, talvez fazer um abaixo-assinado e enviar para a Câmara Municipal exigindo o retorno de um posto de atendimento da CEMIG. Não sou o único que tem dificuldades de atendimento, um morador da cidade me contou que a luz dele foi cortada porque não lançaram o pagamento da conta. O cidadão teve que ir até o posto provisório (ainda bem que ele mora lá) e reclamar e, se ele não tivesse o cuidado de guardar a conta paga, a luz não seria religada rapidamente.

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