Quando
éramos crianças encontrávamos todos os dias. Nadávamos na cascata, jogávamos
bola no campo e, juntos com nossos irmãos e amigos nos aventurávamos na “mata”,
onde os cipós viravam balanços, e escalávamos as árvores como se fôssemos
“Tarzãs”.
Nossa
amizade e fidelidade eram tão fortes que
um conseguia sentir o que o outro queria.
Em noites
frias, juntávamos a turma e sentávamos encostados no “quentinho” da parede da
rua, ao lado da casa do Sr. Miguel Mendes. Atrás desta parede ficava o forno da
padaria do “Seu Gino”, a antiga.
Lá
brincávamos, conversávamos, ríamos e sentíamos o quanto éramos felizes.
Eu vivi, eu
senti...
Quando fomos
para a adolescência , hoje penso: “podíamos ter nos separado, no entanto, nos unimos
cada vez mais.”
Fomos
aprender música, eu no saxofone e ele no trombone. Juntos participávamos das
apresentações da antiga “Banda”. Tocávamos em todas as procissões religiosas da
época e nos eventos do município.
Depois
começamos a animar os carnavais da cidade e, rapidamente, passamos a tocar
também em outros locais, outras praças.
Depois cada
um foi estudar em escolas diferentes e pouco nos víamos,pouco nos
encontrávamos. Mas aquele sentimento
forte de amizade e respeito nunca nos abandonou.
Daí prá
frente,nos casamos e cada um seguiu seu rumo.
Então fui
convidado por ele para trabalhar em São Paulo.
Lá,
trabalhando no mesmo local, encontramos outros amigos e conhecidos, também
mineiros, em busca de aprimorar nossos conhecimentos profissionais e melhorar financeiramente.
Mais tarde,
cada um seguiu seu rumo e ficamos anos sem nos encontrarmos.
No entanto,
todas as vezes que nos encontrávamos, o brilho de satisfação inundava nossos corações.
Curtíamos nossos reencontros jogando bilharou tomando uma cerveja.
Em seu
regresso, depois de um bom tempo no exterior,ele fixou residência em outras
cidades. Víamo-nos apenas em suas visitas à sua mãe, mas ainda percebia que seu rosto se iluminava e
seus olhos brilhavam com a felicidade de
estar aqui junto de nós.
Mais uma vez
a vida nos separou ...
Foram tempos
difíceis e quando voltamos a nos encontrar, pude ver e sentir que sua face não mais se iluminava como antes,
e seus olhos perderam aquele brilho de satisfação, de alegria. Senti que sua
vida estava se esvaindo num mar de decepção sem fim, como se lhe minando a luz
e o brilho de viver...
Então ele se
foi, se foi para não mais voltar.
Mas sei que,
para onde partiu, em sua última viagem, encontrará o alento, e Deus sabe, paz
para o seu espírito que tanto amou sua família e seus amigos. Pessoas que o
amavam e cujos olhos viram e sentiram a luz e o brilho deste grande coração.
Eu também
vi, eu também senti!
Esteja com
Deus, meu grande amigo Dão!
João Batista
Pelegrino, meu grande amigo “Dão” partiu às vésperas do Natal, após um infarto.
Deixo aqui
meus sentimentos à sua mãe, D. Luzia, seus irmãos, sua esposa Fatinha, seus
filhos, sua neta e seus amigos e familiares.
Hélio
(Burela)
5 comentários:
Parabéns, Burela! Você descreveu com maestria o sentimento nobre da amizade!
Obrigada Hélio e Fatima ele merecia esta linda mensagem. Deixou muita saudades.Mas tenho certeza que está descansando ao lado de Deus.
Nossa,eu Nâo sabia deste Acontecimento com o DÃO.
Linda Mensagem Burela....
Zé Márcio
Hélio, também meu amigo de infância. Em nome da minha mãe, dos meus irmãos e familiares agradeço esta homenagem ao meu irmão Dão.
Toninho Pelegrino
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