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14 de março de 2013

TAPERA- ANTONIO NORONHA



14 DE MARÇO, DIA DA POESIA! 
PARA COMEMORAR ESCOLHI "TAPERA", DO PROFESSOR ANTONIO DE OLIVEIRA NORONHA, UMA DAS PREFERIDOS DOS AMANTES DA POESIA.
                                
Tapera. O mato entrando, a chuva entrando,
E entrando o sol. E o cheiro bom,
Que ninguém sente
Das flores fresquinhas do mato.
E as risadas dos passarinhos
Cantando à toa, para ninguém.
E o luar suave, muito mansinho,
Como um infinito olhar de piedade
Numa grande benção envolvente.

Entra também o olhar inquieto do caminheiro...
_Cruz ! Credo! Casa assombrada!
E quem passa reza baixinho
E alarga o passo pela estrada.
_ Tapera, os caminheiros fogem!

Eu não, Tapera, eu não.
Meus olhos te olham molhados,
Enquanto minh'alma te envolve
Vendo-te melhor do que os olhos,
Porque, Tapera desagasalhada,
Há uma dorida identidade
Entre teus escombros silenciosos
E às ruínas do meu coração.

Não foste mesmo uma casinha branca,
A mais feliz da redondeza?
Vejo ainda, numa tarde distante,
O brasido vermelho do teu fogão
E, à tua porta, bom e feliz,
Com o pensamento na sua amada.
O caboclo rijo que te ergueu.
Depois... o caboclo morreu.
_ Casa abandonada!

E foste virando tapera,
Numa agonia estranha,
Cheia de saudade do teu dono,
Deixando entrar a chuva e o vento,
Morrendo ao abandono,
Na quietude de um velho mocho sonolento.

No meu coração,
Tapera,
Ardia um grande amor.
Era
Como o brasido vermelho do teu fogão.
Depois...eu fiquei sozinho
E meu coração virou tapera...

Por isso, eu te olho com os olhos molhados,
Enquanto minh'alma te envolve
Vendo-te melhor do que os olhos.

Por isso, quando te olho
É como se eu olhasse para dentro de mim mesmo,
Numa infinita comiseração,
Ó Tapera,
Ó minha irmã Tapera,
Ó triste irmã do meu triste coração!



     
Ainda muito jovem , o professor Antonio Noronha  já escrevia poesias com uma profundidade e sensibilidade  capazes de fazer inveja à qualquer poeta de renome.  
 Por detrás daqueles óculos, era muitos homens em um só:  Amigo, professor, psicólogo, poeta,  músico, pescador...                                                            
       Era culto, inteligente e nunca se vangloriava por isso.
Não deu valor às coisas materiais, mas soube valorizar as  coisas do coração.
 

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