“O professor que trago na memória” - p/ Inácio Chaves

O ambiente escolar desde cedo me tocou. Lembro que entre minhas brincadeiras de moleque já gostava de reproduzir o papel de educador .
Das professoras de 1a. à 4a. série guardo uma nostalgia gostosa, algo como bolinho de chuva e poemas da Cora. Mas, foi no Ginásio que conheci o professor que se tornou meu paradigma. Era um sujeito baixo e franzino. Seu temperamento extrovertido e alegre era o que o diferenciava dos demais. Lembro-me que a sua chegada era aguardada com expectativa por todos. Se dirigia à sala com um giz na orelha e nos falava que era seu Viena tone (aparelho de surdez). Bastante informado, trazia para suas aulas de Geografia assuntos relevantes e falava das paisagens e lugares com tanto detalhes que suas aulas sempre me pareceram curtas. Muitas delas guardo intactas em minha memória. E, detalhe, estávamos na década de chumbo e os muros da escola lembrava-nos que o professor Petit havia sumido como fumaça.
O tempo passou... Não estudei Geografia por falta de oportunidade. Não havia escola na região.
No ano passado (2009) sabendo que estava doente, fui fazer-lhe uma visita. Levei para que conhecesse o meu TCC de geografia para o 3º grau. Ao ouvir a dedicatória ficou emocionado com a homenagem que, merecidamente, lhe prestei.
Hoje, o professor Déo discute com São Pedro as mazelas que tem inquietado os habitantes do planeta que ele tanto amou.


Este pequeno texto foi escrito em sala de aula no curso que estou fazendo (Pedagogia),cujo tema foi “O professor que trago na memória”.
Inácio Chaves / 2008