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14 de maio de 2010

FOTÓGRAFO MINEIRO VÊ NAS IMAGENS “ENCONTRO MÁGICO COM O DESCONHECIDO


FOTO HIGINO REZENDE

Por Thiago Rosa/Redação Portal IMPRENSA
Vida de jornalista em início de carreira é quase sempre a mesma coisa. Gravador em punho, telefone e aquele ar de desconfiança em relação à fonte. Mas, na hora e data combinadas para a entrevista, um aspecto peculiar chama a atenção. Uma voz engraçada, frases pausadas e um sotaque típico de quem tem origens enraizadas no interior caracterizam o personagem. Trata-se de Higino Rezende, fotógrafo mineiro que viveu por mais de 15 anos na Alemanha trabalhando em importantes jornais do país. Com amostras expostas em cidades como Roma e Berlim, o hoje coordenador de fotografia da revista Joyce Pascowitch não nega as origens e mostra que Minas Gerais vai muito além, de como ele mesmo diz, "cuidar de galinhas". Nino, como é popularmente chamado, nasceu em Brazópolis, município ao sul de Minas Gerais, de pouco mais de 15 mil habitantes. As densas montanhas da região e o ar, até certo ponto, provinciano do local influenciaram sua personalidade e o apreço pela fotografia. "Nascer no interior é um privilégio. Eu vivia sempre livre, andava muito pelas ruas sem medo. Fotografava meus amigos e os lugares por onde passava, era especial" orgulha-se. Filho de um comerciante tradicional da cidade, Nino se encantava com as imagens expostas nas revistas que os pais compravam na época. Em meados da década de 70, esse "encontro mágico com o desconhecido" ganhou novos contornos, passando de hobby a profissão. "Na época do vestibular eu pensei... Não quero fazer faculdade, vou fazer um curso de fotografia. Meu pai pediu a um tio meu que comprasse uma câmera no Paraguai e me deu de presente. Nunca mais parei"
A paixão pela arte continua falando alto. Do interior de Minas, Nino se mudou para São Paulo (SP). Lá, foi estudar fotografia na Imagem e Ação, uma das mais conceituadas instituições de ensino na época, famosa pela propagação do chamado "estilo autoral".
Formado pela escola, o jovem, fã do lendário artista francês Cartier Bresson, foi realizar um trabalho na distante Tailândia. O catálogo de imagens, que relatava a árdua rotina de camponeses ao sul do país, obteve tamanho êxito que Nino fora convidado a trabalhar no diário alemão Die Targeszeitung, um dos principais jornais do país.
No periódico alemão, Nino aprendeu a língua local e, principalmente, a ter gosto pelas redações. "A Taz valorizava muito a fotografia. Na segunda página tinha o Augenblick, que era a foto sem texto, meia página. Todos queriam publicar lá e eu tive essa sorte várias vezes, principalmente graças ao trabalho da Tailândia", comenta.
Nos quinze anos em que viveu em Berlim, as publicações de cunho social ganharam trações peculiares na carreira do fotógrafo. Em um dos trabalhos, encomendado pelo jornal O Público, de Portugal, o relato de refugiados adolescentes do leste europeu que moravam na Alemanha gerou grande repercussão no velho continente. "Eu publiquei em vários jornais. Era um tema muito vigente na época".
No regresso ao país de origem, após 15 anos em Berlim, Nino passou a exercer cada vez mais o "estilo autoral" aprendido nos tempos de estudante. Começou, então, a expor com freqüência amostras de fotografia, algumas delas mescladas entre imagem, pintura e arte em geral, em diversos locais do Brasil e exterior. Uma dessas exposições, intitulada "Paisagens Imaginárias", virou livro nas mãos da curadora e artista plástica Adriana Rocha.
O lado social vivenciado nos trabalhos produzidos na Alemanha trouxe reflexos na personalidade e carreira do fotógrafo mineiro. Recentemente Nino participou de um projeto da artista plástica Mônica Nador, chamado "Jardim Miriam Arte Clube" (Jamac), ação que tem por objetivo levar arte ao cotidiano dos moradores do bairro paulistano. "O Jamac é muito importante. Ele dá oportunidade aos adolescentes da comunidade. Eu me emocionei trabalhando com eles", cita Nino que diz estar em seus planos instalar oficinas de fotografia no bairro.
Hoje, Nino diz estar fazendo o que sempre sonhou: trabalhar diariamente em uma redação. Desde 2007, ele é coordenador de fotografia da revista Joyce Pascowitch, publicação mensal que traz conteúdos relacionados a moda, entretenimento e bastidores do mundo das celebridades. Mesmo com tantos afazeres, o artista, que diz sonhar em "criar galinhas" no futuro, não foge às raízes. Sempre que pode vai à cidade natal e passa dias no sítio da família. Típico da maioria dos mineiros que, como ele, prova que o estado vai muito além de pão de queijo, doce de leite e cidades históricas.

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