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25 de abril de 2011

O BARBANTE DA BEXIGA – Renato Lôbo

Num centro de compras, passeavam felizes uma mãe e seu filho pequeno, ele levando uma bexiga nas mãos.


De repente a bexiga escapou-lhe e o menino entrou em pânico. A mãe, entre assustada e envergonhada, tratou de sair logo dali, porque a confusão e a choradeira haviam atraído pessoas. Sabe como é? Gente se ajunta, fala, comenta... Tudo junto. Mas ninguém faz nada.


Foi então que um senhor, aliás, de baixa estatura, apareceu, como que do nada – essas coisas sempre aparecem do nada – com uma cadeira e um guarda-chuva. Subiu na cadeira e com o cabo do guarda-chuva tentava apanhar o barbante da bexiga. Tentou uma, duas, três vezes. A cada nova tentativa, mais e mais, a multidão se aglomerava e torcia para que ele, em sua maravilhosa iniciativa e em seu malabarismo de corda-bamba, alcançasse a bexiga e a trouxesse de volta.


Na quarta vez, o senhor enrolou cuidadosamente o barbante no cabo do guarda-chuva e, num puxão, trouxe a bexiga de volta. Só alegria! Ele conseguiu.


Pois assim que desceu da cadeira e entregou a bexiga nas mãos do menino (que já não chorava mais), as pessoas ao redor se derreteram num aplauso contagiante. E o senhor agradeceu, como se agradece ao final de um concerto grandioso.

Isso se chama amor.


Amar é encontrar sua riqueza fora de si. É por isso que o amor é pobre, sempre, e é sempre igualmente a única riqueza. Mas há várias maneiras de ser pobre no amor, pelo amor, ou antes, ser rico de sua pobreza. Um modo é pela falta imperiosa (chamada paixão). Outro modo é pela alegria livremente partilhada (que é a amizade). Mas o modo supremo é a alegria dada, e dada em pura perda, alegria dada e abandonada (que, por falta de nome melhor, chamamos caridade). São essas as famosas três formas do amor, ou três gradações no amor: a carência (eros), o regozijo (philia), a caridade (ágape).


Há um amor que é como uma fome, outro que ressoa como uma gargalhada. A caridade é um sorriso, um marejar de olhos. Na verdade, não há palavras para esse nome.


Procurar uma cadeira e subir nela para apanhar uma bexiga fujona de um menino chorão já é amor. Se não for, não sei o que é amor.

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