Dois
barquinhos coloridos
De papel,
esmero e sonho
Forjei em
dias tão idos,
Que só em
cisma os recomponho.
Numa saudade
os revejo
Correndo
pela enxurrada
Qual longo e
contínuo beijo
Dado às
pedras da calçada.
Simples
dobras de papel
vermelho e
azul de revista,
como um
inquieto pincel
de um pintor
impressionista,
bailavam
qual duas flores
deixando-se
ir simplesmente,
despetalando-se
em cores,
à deriva na corrente.
Eis, porém,
logo na esquina,
breve e
longa encruzilhada,
cada um
seguiu sua sina,
como se há
muito traçada.
Atrás ficou
meu desejo
de vê-los
correr juntinhos
como unidos
por um beijo
de eternos
namoradinhos.
Nunca mais
eu vi meu sonho
pra sempre
em chuva desfeito,
subido em
facho risonho
de arco-íris
liquefeito.
Hoje sei,
era imperfeito
como os
sonhos dos sozinhos;
lindo era só
o meu jeito
de construir
dois barquinhos.
Poesia do
Livro “Cantiga Antiga”
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