VIVENDOR - ANA RITA NORONHA

A vida, às vezes sim

Às vezes não

Às vezes nada.

Vivemos numa constante guerra

Com nós mesmos

Onde as bombas podem destruir seu coração

Bombas caseiras, feitas em sua própria casa, embrulhadas na emoção.

Fujo de gente que me procurou por esse caminho gelado que aceito chamar de vida.

Hoje percorro pela escuridão procurando

As mesmas pessoas

Que um dia não me acharam

Será que se eu gritar eles vão ouvir?

Mas talvez eu não queira que me achem por aqui

Não é tão doloroso,

Já não sinto amores

Já não sinto dores

Só sinto nada

Estar invisível não é tão ruim quanto eu pensava

O que não desperta fogo, também não atrai brasa.

Agora, sentada, eu não sei, se a vida é injusta ou justa, mas

São dores incuráveis de alguém que já machucou demais.

Só agora eu sei que felicidade é ter e não ser

Mesmo eu não tendo nada,

Hoje eu sou mais que rosto e corpo

Eu sou alma batizada

Sorrindo mesmo em dores

Lutando mesmo cansada.