Quem costuma julgar as pessoas pela
aparência, jamais poderia imaginar a cultura, a inteligência, a sabedoria, a
perspicácia do nosso inesquecível José Antonio Lobo.
Lobinho, como era carinhosamente
chamado, deixou um legado como poucos. Artista plástico, conhecedor profundo da
História da Arte, escritor, era dono de um delicioso e inteligente sarcasmo com
relação a tudo o que não concordava. Conviver com ele era saborear fatos
narrados nos mínimos detalhes, sob uma análise inteligente dos fatos.
Nasceu em Brasópolis e foi Professor
do Conservatório Estadual de Música de Pouso Alegre de 1977 a 2003, quando
faleceu. Lobinho era exímio criador de projetos e brigava muito pela qualidade
do ensino. Fez muito pelo Conservatório.
Fui sua aluna, e como tal, participei
de várias viagens para as nossas cidades históricas. Foram viagens fantásticas,
onde toda a turma se deliciava com os fatos tão bem narrados por ele.
Mergulhávamos na história e divertíamos com seus comentários jocosos. Jamais se
esquece o que se aprende assim!
Pouco tempo antes de falecer, Lobinho
lançou sua primeira obra “Um Milagre para Angélica”, onde narra conflitos
sociais, culturais e religiosos, desencadeados pelo milagre do Beato Benjamim
do Carmo. Usou nomes fictícios para personagens verdadeiros – seus amigos de
infância. Segundo ele, “o livro narra indiretamente toda a experiência que tive
com o povo e a paróquia no período em que fui padre”. Nessa obra, o autor
resgata a cultura e a tradição do Sul de Minas. Um segundo livro estava sendo
preparado. Tive a oportunidade de ler alguns manuscritos dele, que contava a
história do Conservatório, da sua maneira peculiar. Que pena que não deu tempo
de ser lançado!
Suas telas são disputadas até hoje
pelos seus admiradores e conhecedores da Arte. Seus trabalhos em bico de pena
são fantásticos! Ele era extremamente hábil com os pincéis e um mestre na arte literária.
Chegou a escrever peças de teatro que nunca foram representadas, e tinha
planos, muitos planos...
Nada mais justo criar uma associação
que leva seu nome, a ACAJAL – Associação de Cultura e Arte José Antonio Lobo.
Justa homenagem a essa pessoa que fez tanto pela Arte e pela Cultura!
Até hoje, quem entra no Conservatório
e caminha pelo corredor ao lado da cantina, sente a sua presença marcante, seja
nos seus quadros expostos, seja na sala onde dava aulas e que hoje leva seu
nome, seja na lembrança dos bate-papos agradáveis e inteligentes, seja na
lembrança daquela figura simples, que não se importava com a aparência física,
mas que, quando abria a boca, deixava qualquer um fascinado com sua sabedoria.
Realmente, o “essencial é invisível
aos olhos”...
Regina
Vilela - 11 de setembro de 2011
Um comentário:
Realmente, disse tudo....... tive o prazer de conhece-lo, na época do coral,seria uma justa homenagem.
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