‘’ Não faço ideia de quantos e
quais já cantaram o amor pelo Braz!
Noção que carrego é a da vontade de
cantar tal amor, também!
Gritar aos quatro ventos talvez
matasse essa sede de canto!
Contudo só posso amenizar essa
sede!
Transpor para o papel é o que há!
Que meu papel, pois não hesite em
sugar sem reservas toda e qualquer emoção genuinamente brazopolense que me
compõe.
Que São Caetano de Vargem Grande
e Monsenhor Noronha não se esquivem do intuito de abençoar o tortuoso percurso
que separa o meu coração do papel!
Sem maiores delongas dou forma ao
meu canto de amor, que se inicia já no subsequente verso!
A emoção pioneira que me vem à
cabeça é a lembrança da linhagem pioneira! Refiro-me aos ‘’Braz’’ que
originaram o ‘’Braz’’!
Que orgulho carrego do
presidente! Ora, meu caro! Falo de Wenceslau, filho do coronel, presidente do
Brazil!
Presidente na primeira grande
guerra que o mundo viu! Oriundo de um dos mais ínfimos berços, ávidos de paz,
que o mundo já viu!
Ínfimo não! O meu berço é o presépio
de Belém! Alcunha singela e suntuosa!
Pudesse eu psicografar alguma
prestação de conta aos nossos fundadores (leia-se família Braz e colaboradores)
, diria que nossa terra conserva a aura aprazível de outrora, contudo clama por
alguma prosperidade!
De que me importa o que ainda nos
falta! Hoje é dia 16 de setembro! Dia de hastear bandeira, de extravasar na praça
da Matriz! Nesse momento, Preocupemo-nos com o que já ostentamos!
Caro interlocutor, em que lugar
do universo se é possível observar o universo tão bem quanto aqui? Responda-me
se todos os municípios detêm um formidável castelo como o nosso! Na Europa há
vários castelos medievais! Mas garanto que castelo contemporâneo e singelo como
o nosso ‘’castelinho’’ só existe no ‘’Reino do Braz’’!
Sei lá! Brazópolis tem uma aura
inebriante! Perigosa! Propícia à constituição de loucos!
Tem aquele sujeito da bicicleta
‘’escalafabética’’; ébrios das mais variadas procedências! Há contudo quem
saiba ‘’canalizar’’ a embriaguez proveniente do ar insólito do Braz: Os pilares
das letras brazopolenses, a ‘’patota’’ do Tab!
Passar pela Rodovia que se
encontra à margem de nossa Brazópolis é um convite imediato a se assistir a um
festival de janelas! Uma vez dentro do ‘’Reino do Braz’’ já se é convidado a um
festival sem fim de bares e botecos! Devo dizer que os botecos são mais
convidativos!
Ah, se me fosse dada a chance de
realmente psicografar uma mensagem para o clã dos Braz! Do outro lado da vida
saberiam que Boteco que tem ‘’bombado’’ mesmo é um ‘’Boteko’’( opa! Certamente
Coronel Francisco Braz e Presidente Wenceslau não entenderiam o termo
‘’bombando’’. Pois bem, psicografaria a expressão ‘’angariando clientela
fiel’’), o ‘’Boteko Mágico’’! Não sei onde o clã dos Braz ‘’curtia’’ a
‘’night’’ nos anos de 1900, mas hoje em dia o ‘’Boteko mágico’’ é o ‘’point’’!
Devo dizer que já sou quase um
acionista do boteco em questão, tamanha minha assiduidade. Gosto demasiadamente
do Pablo, mas adoro a Vera, aprecio sem restrições o Ino, me ‘’amarro’’ na
Joice e na Turma do Bolê( o Bolê não é ‘’botequeiro’’ mas é inadmissível que
fique fora dessa lista) ! Entretanto há um bar periférico, que a meu ver,’’arrebenta’’:
o Bar do Naldinho! E desculpem os outros ‘’botequeiros’’, mas os preferidos de
quem vos fala são estes!
Não sou nenhum compulsivo por
bebidas, a minha assiduidade nos bares se deve ao afeto pelas pessoas, seja
pelos ‘’botequeiros’’, seja pelos fregueses. Se quiser ouvir alguma boa
história fútil, descabida, mas que alegra a existência, não se pode esquivar
dos bares do Braz, sobretudo dos botecos, e dos bares de roça. Luminosa, Anhumas, Can-can
certamente possuem um sem fim de anedotas do povo, oriundas da simplicidade e
espontaneidade de nossa gente!
Falemos das pessoas, então! Como
a hipocrisia felizmente não é o meu forte não hesitarei em dizer que no nosso
‘’reino’’a mentalidade provinciana atua contra! Mas a favor muitas vantagens
jogam por nós! O brazopolense tem propensão à vida, carrega simplicidade e
‘’caipirismo’’ gostoso como traços inalienáveis de sua existência!
Fincou-se praticamente no extremo
sul de Minas a nossa bandeira! Ufa, por pouco , não fomos paulistas! Não tenho
nada contra os paulistas, mas tenho tudo a favor dos mineiros! Quis o destino
que nossa bandeira fosse fincada nesse ponto magistral em que não há como se
escapar da aura encantada das montanhas, que só fazem ornamentar esse nosso
presépio de Belém!
Brazopolense e mineiro! Eis que
surge a explicação maior desse ar inebriante, promotor de loucos, por um lado,
escultor de artistas, por outro! Há quem defenda a tese de que o mar foi
arrancado de Minas, pra impedir a soberba do berço dos maiores expoentes da
história nacional! Em termos de Braz, é difícil contermos uma insinuante
arrogância!
Não me acanho em dizer a quem não
é daqui, que somos terra de presidente, que temos castelo, e que daqui se
observa as estrelas como em nenhum outro lugar!
Sou filho legítimo do Braz! O
irrelevante fato de não ter vindo à vida aqui não me faz menos filho! Justifico
que não sou bastardo, por carregar no nome Serpa e Torres! Linhagem mais
brazopolense, impossível!
Brazópolis é um ponto ínfimo no
universo! Brazopolenses, por sua vez, representam uma parcela de indivíduos bem
menos ínfima! Somos muitos! Há incontáveis filhos de nosso solo que ganharam o
mundo, hasteando nossa bandeira em outras paragens! Quinze mil são os que
habitam o nosso reino! Outros tantos já não dormem no berço, mas carregam no
sangue, estejam onde estiverem!
Eu quero ganhar o mundo! Apesar
da pretensão, que seja o meu mundo, um tanto maior que o Braz,mas ainda assim
pequeno! Seja onde eu for que eu construa o meu mundo, que eu me orgulhe de
hastear a bandeira do meu ‘’pedacinho’’ de mundo , do meu berço encantado!
Levei comigo, em recente ‘’saga’’pelo sul do país, uma bandeira daqui,
literalmente! Ostentei-a bravamente, no ‘’Reino dos Pinhões’’! Creio que o amor
ao solo do qual brotamos dignifica nossa alma!
O meu ‘’pedacinho’’ de mundo é
meu, e ninguém tasca! Na mais remota paragem deste universo, no sul da China,
que seja, quero aí, sim, gritar aos quatro ventos o meu amor! Amor às minhas
raízes, ao homem que sou, ao ‘’vorta’’, ao ‘’ ô burro’’, e ao ‘’capaz memo’’
que fazem parte do léxico caipira deste brazopolense que vos fala!
Antes de encerrar, um último
pedido aos céus: Que meu último suspiro se dê no solo em que me foi concebida a
existência
Parabéns, Brazópolis!’’
Jorge Henrique Torres
6 comentários:
Jorge, adorei! Lindo texto!
Jorgão manda muito
Incrível!
mandou muito bem ., ele é 10 !
Parabéns Jorge, quanto talento.
Arrebentou rapaz, parabéns............
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