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26 de abril de 2010

JÁ TEVE, MAI NUM TEM MAIS - p/ Maria do Vá

BÔCA MARDITA
JÁ TEVE, MAI NUM TEM MAIS
Tava proseano cás minhas prima e ficamo relembrano as coisa. Discubrimu que Brazópi é a “cidade do já teve”.
Óia só: Já teve trem, já teve cinema, já teve coreto, já teve Cascata, já teve Bar do Gustavo, já teve crubi operáio... já teve inté um Prisdente da Repúbria.
Alembro qui tudo sáudo eu vinha pá cidadi ficá na casa da minha tia. Meu pai dexava eu vim que era pá modi vê si eu arrumava marido. Cuitado, já morreu i num teve o gostinhu de vê eu casada. Tô incaiada inté hoji. Eu ponhava um par de carçado novo nu saquinho di plástio e trazia di baxo du braço. Na hora que proximava a cidadi eu tirava u carçadu suju di barru, ponhava nu lugá du ôtro nu saco prástio e iscundia atrais duma moita que era pá modi pegá quando ia vortá pá roça. Di noiti, eu cás minha prima dava vorta na praça pá mode frertá cus rapaiz e adispois a genti ia pru crubi Operáio ondi a genti dançava cus moçu. A gente dançava di rostu coladu, dançava sorto. Tinha veiz qui nóis ía nu Bar du Gustavu. As mãe nossa num gostava muito não qui eis falava que lá era buati e num era lugá di moça di famía. Mai nói ía iscundidu.
Nói andava chic qui só venu. Cás quelas carça boca di sinu, sapatu de prataforma, us cabelu tudu lisinho, que nóis passava no ferru. Os moçu intão, era uma lindeza: Tudo cus cabelu cumpridu, carça bem pertada, cintu largu, bota cum sarto carrapeta. Us relógio deis parecia uma panela di tão grande. Êta tempinho bão!
Nus domingu a gente punhava uma merenda dentru du imborná, vistia nossu maiô e lá ia nóis tudo prá cascata nadá. Deitava nas pedra prá queimá e passava coca-cola nu corpo pá modi ficá bronziada.
Di noite nói ia nu cinema assisti os firmi. Na sigunda-fera eu vortava pá roça pá módi ajudá minha mãe cuidá dus animar.
Hoji im dia num tem quasi nada pros mocinhu cás mocinha fazê nus finar di semana. Devi sê pur issu qui eis fica na praça bebenu i fazeno bagunça.
Bem qui pudia vortá as coisa boa daqueli tempu. E quem sabi agora, si Santu Antonho mi ajudá eu consigo arrumá um namoradu pá casá...

Um comentário:

Anônimo disse...

Achei o texto delicioso com cheiro de Brasópolis, original, bem mineiro e tradicional. Naquele tempo ainda se escrevia Brasópolis com s. A lembrança do trem, do cinema, do coreto, do Clube Operário do Bar do Gustavo e antes do Bar a Barbearia do Gustavo, centro de reuniões de amigos e políticos, e aonde se buscava as notícias do dia a dia, era o centro da vida buliçosa no Largo da Matriz... com o Bar do Tronco, O Bar do Zé Machado e a Padaria do Lobo...
Newton Alfredo Ribeiro de Noronha

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