Sentindo os pés
Pelas ruas de minha terra
Meus passos embrenharam-se na penúria
Com as poeiras erguidas, incontidas
Enquanto gemia a terra, ali ferida
Por outros passos, passados
E revivendo o caminhar da lida
Revolvi àquela rua tão sofrida
Donde brotou santas raízes
De antepassados bíblicos
Que nos levou aos símbolos
Num crescente florir de choros e risos
E embrenhando-me nesse pó
Tão sentido
Agora tão esquecido
Eu vi gemer a terra
Removidas por mãos aquecidas
Cheias de nó e suor
Já sem dor, envaidecidas
D’ali retirei-me em vão
Para outras vias distantes
E ver o embalar do vento
Soprar as ruínas de então
Passando por cada rua
Miragens de risos eu vi
Marcas de passos senti
Quedei-me, e ali vivi
Volvi-me mais à frente
Novas raízes brotaram de repente
Marcando com passos frementes
Que ali chegaram e pousaram poemas
Elevando as nossas penas
Num crescente ferver de brios
Esquecendo nossos conflitos
Ruas de mil janelas
Que se quedam entreabertas
Todas iguais, em linhas retas
Gente contente habita nelas
Continuo com passos largos
A ver marcas de meus rastros
Rastros que se foram
Outrora, suaves e sábios
Agora, indeléveis e gratos
Marcando fatos e atos de nossa gente.
Um comentário:
Minha querida tia Célia, grande poetiza, bjs, saudades...!!!
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