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14 de abril de 2012

ILUSTRE BRAZOPOLENSE - Joaquim Noronha Lopes



Um homem íntegro, caridoso, simples, humilde e bom de papo. Homem que sabe valorizar a sua terra, sua família e seus amigos.
Quem o vê, saboreando um “whisk” do Bar de seu amigo Gilberto, ou na Lanchonete do Ino contando seus “causos”, rodeado de amigos, não imagina a importância desse homem. Mais do que ter sido coroinha, comerciário, bancário, advogado ou qualquer outra atividade que tenha feito em sua vida, para nós sempre será um herói, o nosso herói.
Lamentamos não estar mais conosco seus outros 21 amigos que lutaram por nós na Segunda Guerra Mundial. Através dele, queremos homenagear e agradecer esses homens que enchem de orgulho nossa Brazópolis.
A você, nossos sinceros agradecimentos por tudo que fez e ainda faz por nossa terra. Nosso reconhecimento e nossa pronta disposição para o que precisar...
Volte sempre Doutor Joaquim Noronha Lopes, mas continue sendo apenas o “Joaquim”, que conhecemos e que admiramos.


02 de maio – Dia dos Ex-combatentes
05 de maio – Dia do Expedicionário
Há 64 anos, em 2 de maio, terminava a aventura da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na 2ª Guerra Mundial. A atuação dos pracinhas durou sete meses e dezenove dias, no norte da Itália. No início, imperou a inexperiência, além de um frio de 19 graus abaixo de zero. Apesar disso, a FEB conseguiu importantes vitórias, como a tomada do Monte Castello, em 21 de fevereiro de 1945.
Apesar da dureza das batalhas, relatórios norte-americanos reclamavam de brasileiros que ofereciam cigarros aos prisioneiros alemães. Também era comum encontrar pracinhas dividindo sua comida com civis italianos ou, mesmo sob o fogo dos projéteis inimigos, preparando mingau para crianças famintas nos vilarejos.
Foram vinte e dois os Brazopolenses que combateram na Europa. Muitos deles foram feridos, mas não houve nenhuma morte ou incapacidade parcial ou total. A história de nossa cidade se engrandece com o orgulho que temos destes nossos bravos heróis!
OFICIAIS: Celso Rosa e Antônio Pedroso Vergueiro, ambos reformados no alto posto de Tenente-coronel na Arma de Infantaria;
SARGENTOS: Celso Gomes Negrão, José Dias, José Pinto Soares, José Benedito de Souza e José Monteiro Chaves Netto. Alguns destes foram, posteriormente, promovidos aos postos de Tenente e Capitão, como foi o caso do Capitão José Monteiro Chaves Netto;
CABOS: Joaquím Noronha Lopes, José Morais, Antonio Ferreira Chiaradia, José Pereira Cintra e Mario Antunes Pereira;
SOLDADOS: Roberto Anselmo de Oliveira, José Peixoto Neto, Antônio Gomes Rennó, Oliveira Sabino de Azevedo, José Caetano Inácio, Joaquím Pereira Cintra, José G. Rezende, Alfredo da Cunha Passos, Ageu Lemos de Morais e Nilo Mendonça Moreira.
Em seu discurso feito no Fórum, por ocasião da inauguração do quadro de fotografias dos Soldados Expedicionários Brazopolenses, o então Cabo Joaquim Noronha Lopes conta um pouco do que nossos heróis viveram em terras Italianas.

“Há mais de um ano atravessamos o Atlântico, rumo ao Velho Mundo.
Desde o momento emocionante de nossa partida, começamos a viver uma nova vida, cheia de perigos, sobressaltos, insegurança...
Fomos levados para o bojo de enorme navio, e nos tornamos como seres inconscientes, viajando penosamente através da vastidão de águas traiçoeiras.
Chegamos a Itália, a Itália católica, a terra da música, terra da pintura e de todas as artes.
O que veríamos naquela terra famosa era uma grande interrogação para nós.
Foi Nápoles o porto a que atracamos e ali levamos o primeiro choque, vimos pela primeira vez o resultado da guerra, da qual íamos participar.
Barcos de cascos para cima, ou incendiados, feriam nossa vista quando olhávamos sobre as águas verdes da baia que o Vesúvio domina.
Edifícios destruídos davam à cidade um triste ar de desolação e morte.
Até ao navio vinham crianças e velhos pedir alimentos, roupas, cigarros. Tinham nas vestes e na face a marca da miséria e da fome.
Uma tristeza enorme nos dominou naquele dia, a que ponto chegava a humanidade.
Por que tantas pessoas pagam pelos erros de alguns?
Continuamos para o norte, desembarcamos perto de Pizza. Por toda parte se via o rastro que o monstro da guerra havia deixado, casas, estradas, pontes, estavam destruídas.
Os campos estavam retalhados de trincheiras, cheios de ruínas, as uvas haviam secado nas parreiras, fora impossível recolhe-las.
Belas crianças vinham ao acampamento mendigar para elas e para a família. Vinham também mães e pais implorar alimentos para mitigar a fome de seus filhos.
E com sacrifício e gestos conseguiam nos contar fatos dramáticos da guerra. Mortes, desaparecimentos, atrocidades nazistas, crueldades fascistas.
E à noite, no silêncio das barracas, pensávamos nas desgraças irreparáveis que havíamos visto e não adivinhávamos o por quê daquilo tudo.
Qual a razão para esfacelar-se um mundo que anos e anos de civilização construíram?
E das ruínas e das misérias parecia que uma vez bradava: Razão? O que impera hoje não é a razão, é a força!
O Fascismo ditou nosso destino, sem a razão, mas com a força; o Nazismo nos dominou e somente o poderio das armas era o seu direito.
Fomos então levados para o front, nas montanhas abruptas, lamacentas e frias. Estávamos impassíveis, sem emoção afugentando os pensamentos sobre o futuro que se nos deparava sombrio, destituído de esperanças.
As colunas de carros passando pela estrada e ponte envoltas em fumaça artificial protetora, a ocupação das casas de pedra dos camponeses, dos estábulos, das foc-holes, o cuidado e o silêncio nos movimentos, fazia-nos sentir como vivendo num sonho fantástico.
Mas com as primeiras granadas, com os primeiros feridos, os primeiro mortos, pareceu-nos, então, viver num pesadelo tremendo.
As feições de todos se contraíram, algumas lágrimas correram furtivamente, diante dos lívidos primeiros mortos.
Vieram os primeiros ataques, infernos de tiros incessantes, explosões violentas, rajadas frias de metralhadoras nos morros, onde a morte adejava.
O sangue jorrou sobre a lama , vidas jovens foram ceifadas, jovens ficaram abandonados em lugares desconhecidos.
Por que permitia, ó Deus, esses crimes? Por que fomos tirados de nossas casas, nosso trabalho, para vir morrer aqui, nessa terra fria, estranha, longínqua? Para nos vingarmos, encharcamos de sangue brasileiro esse solo?
A lembrança, porém, das crianças famintas, das velhas famintas, das mães atormentadas pela miséria; a lembrança da prepotência, das crueldades nazi-facistas, deram-nos ânimo para insistir na luta por um ideal mais belo, mais nobre que a vingança, o ideal da justiça.
Deus não estava indiferente à nossa sorte, deu-nos forças para sobrepujarmos o poderio do inimigo.
E fomos galgando uma por uma das montanhas, atravessando os rios, descendo os vales, semeando a Liberdade.
Chegou a hora de voltarmos ao Brasil, terminada que fora nossa tarefa.
Voltamos, porém, com o coração ligeiramente endurecido, estávamos desacostumados aos afetos sinceros, às amizades desinteressadas, um pouco de ceticismo habitava em nosso espírito.
O povo de Brazópolis veio, porém, com suas demonstrações de carinho, aquecer novamente nossos corações , tirar-nos o ceticismo do espírito, desanuviar-nos a mente, antes cheias de trágicas recordações. (...)”.

2 comentários:

Anônimo disse...

boa tarde fatima ,faltou um soldado neste batalhao que foi lutar na italia,e o meu tio francisco gonçalves cintra conhecido como chico cintra.

César de Carvalho Gomes disse...

Além de ser um grande homem é meu querido padrinho de batizado.

Parabens a vocês todos.

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