A MASCARA - Fátima Noronha

Não fosse a danada da sua distração tudo teria corrido bem naquela noite de carnaval.

Desde criança seu maior sonho foi sair mascarado, brincar com as pessoas sem que ninguém o reconhecesse.

Demorou para realizar esse sonho. Sempre deixava para o próximo carnaval e assim os carnavais iam passando e seu sonho ficava sem ser realizado.

Neste ano foi diferente. Comprou roupa nova, luvas e uma máscara de terror. Tomou o cuidado de comprar na cidade vizinha para que ninguém soubesse, nem sua família.

Sorria sozinho só de imaginar a cara de sua esposa quando o mascarado brincasse com ela na praça. E as crianças então? Será que sentiriam medo? Os amigos nunca iriam imaginar que por detrás daquela máscara estaria o sério professor de geografia...

Deu alguma desculpa esfarrapada prá não sair junto com a esposa e as crianças. Logo que ficou sozinho correu para o quarto, se aprontou e desceu para a praça. E logo que encontrou um conhecido brincou com ele e ficou surpresa com a reação do amigo:

_Oi professor ! Está gostando do carnaval?

Encontrou outro amigo e a reação foi a mesma:

_ Professor! Que satisfação...

E ele encabulado reclamou:

_ Não entendo! Como você sabe que sou eu se estou usando máscara?

E o amigo surpreso:

_Máscara? Mas de que máscara o senhor está falando?

Assim , o professor viu que tinha esquecido o mais importante: Colocar a máscara. Voltou frustrado prá casa e a danada estava lá olhando e sorrindo prá ele em cima da sua cama.

(Crônica do livro "Noronhando...")