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8 de junho de 2011

Inconformação - Zezé Noronha

Não discuto os desígnios da vida,

Se cruel ela tornou-me um desgraçado,

Se minh'alma, afinal, desiludida,

Esconde-se num corpo mutilado.


Nada lamento, enfim, se esta ferida,

Como uma cruz, em mim, fardo pesado,

Magoa-me de forma indefinida,

Tornando-me infeliz, traumatizado.


Tudo aceito, sem mágoa, sem rancor,

Resignado com a própria dor,

Sem revoltar, jamais, com o teu sofrer.


Só não conformo, oh! Deus! é esta descrença,

Que me trás desencanto e indiferença,

Matando-me a alegria de viver.

Um comentário:

Victor Said disse...

Que lindo soneto! "Só não conformo, oh! Deus! é esta descrença"; verso assim é para deixa a alma do leitor que sou, em estado pleno de reflexão. Minha descrença se estende em tantos ramos que mau sei distinguir o que é fiapo de esperança ou semente a germinar por dias melhores. Só não posso ser indiferente a visão de amanhã que brilha no olhar das crianças, nem indiferente ao lirismo que flui em seus versos, nobre Poeta Zezé Noronha. Parabéns!

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