Contemplo-vos na cruz, Senhor, e, só por avaliar cada vez melhor vosso  sofrimento, asseguro-me da certeza de que comprendereis o meu, na busca  de uma honrada posição para os dilemas da existência.
Quero um tempo de igualdade de oportunidades e de liberdade.
Mas observo que as idéias de liberdade, muitas vezes, são usadas para  impedir essa igualdade democrática de oportunidades e que certos  defensores, apenas, dessa igualdade de oportunidades não vacilarão para,  em vosso nome, sacrificar a liberdade.
Optar por qual tipo de dor: a da vitória ou a da derrota?
Se aceito todas as correntes, apoio uma forma de anarquia. Se apoio a  anarquia, fomento a desordem que gerará alguma forma de descontrole. Se  apoio o controle, descambo na autocracia. Se caio na autocracia, nego a  liberdade. Se nego a liberdade, nego o homem. Se nego o homem, nego a  mim mesmo.
Se aceito a igualdade em tudo, serei injusto com os mais capazes. Se  baseio a vida e a sociedade apenas nos mais capazes, crio um mundo  injusto e desumano.
Se apoio o capital, acabo por apoiar o monopólio. Se apoio o Estado,  acabo por apoiar formas igualmente totalitárias de exercício do poder.
Se vos tenho apenas como Filho de Deus, temo não ser capaz de seguir o  vosso sacrifício, pois ele se coloca sempre acima da medida e da  possibilidade humanas.
Se vos tenho como homem e posso, então, ousar seguir-vos, perco a  dimensão transcendente, a única que acalma e pacifica o homem diante do  seu nada.
Qual o caminho?
 
 
 
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