Num é que a Judith impracô os 90? - Maria do Vá

Óia gente, hoje vô falá de uma amiga minha que feiz 90 ano. A Judith Minchitti. Êta véinha disgramada, 90 ano e num tem nem uma doencinha de nada. Uma saúde de ferro. Mais forte que a minha vaca mimosa.

Judith era uma mocinha regatera, alegre, animada... murria de vontade de casá. Dissero que ela tinha uns 5 Santo Antônio na casa dela e que tudu dia ela rezava preis, pá mode consegui casá. Falaro que tinha inté Santo de cabeça pá baxo, dentro du copo dágua. Tinha santo amarrado pás perna, dentro do forno... E óia que ela só sorto os cuitado, apdispois que o Warti se engraçô por mode ela e pediu ela em casamento. Nossa! Ela nem querditô e foi logo falado o “sim” prele.

Fiquei me alembrando dos antigamente e me veio na cachola um samba de breque que ela adorava cantá. Si em argum lugá tinha um eito de gente junta, lá vinha a Judith cantá a tar “Esposa Modelo”. Ceis percisava vê as careta e os trejeito que ela fazia cantano. O povo quase morria de tanto ri de tão ingraçado que era.

Eu era ainda mocinha nova, mas alembro inté da letra que era dianssim:

“Eu vivo aflita

Ando atrás de um casamento

Não pretendo ir pro convento

Nem ficar para titia

Eu não sou feia

E nem sofro da tiróide

Jogo tênis, leio Freud

Mas não posso trabalhar:

Traz-me alergia.”

Já faiz um par de tempo que eu num escuito essa musga. Sinto inté sardade daquele tempo bão.

A Judith era muito ingraçada, meio maluca, cantava, dançava e representava iguar artista profissionar.

Acho que é por mode dessa alegria toda que ela tem, que ela aconsevô tanta saúde. Por mode que gente mar humorada morre é cedo e cheia de doença.

Eita Judith, gente boa!

Parabéns amiga! Eu quero que ocê seja muito felizi. Que continua cum essa saúde boa, alegre, engraçada e essa esperteza que só ocê tem.

Um amigo meu, qui num vô falá nome, fala que ocê nunca vai morrê. Que ocê vai virá purpurina!

Pá arrematá, cá entre nóis: Sei que ocê tá um pôco gasta, mais ainda dá um bão cardo. Se mode quizé casá traveis é só falá qui nóis dá um jeito de arrumá um marido bão procê.

E VIVA A JUDITH!!!