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21 de março de 2011

STATIO IV – A MÃE (Renato Lôbo)

Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Era justo e piedoso. Esperava a consolação de Israel. E o Espírito Santo estava com ele. Movido pelo Espírito foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino, para cumprirem as prescrições da Lei, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus. E abençoou os pais do menino. E disse a Maria, sua mãe: Olhe. Esse menino será causa de queda e elevação de muitos. Ele será um sinal de contradição. Quanto a você, uma espada de dor lhe atravessará a alma. E assim serão revelados os segredos de muitos corações (Lc 2,25.27-28.34-35).

Quanto mais os homens se gastam em palavras menos escutam e ainda menos entendem o silêncio divino. No Templo, naquele dia, muita gente falou: Simeão, Ana, todos. Supõe-se que até o menino tenha chorado ao passar do colo da mãe para os desajeitados braços do velho Simeão. Houve muita falação. Todos falaram. Menos dois: os pais do menino. Deles, silêncio total, aceitação plena. Houve um Sim. E foi dito por inteiro.

Há silêncios e silêncios. Em latim antigo, as palavras são TACERE e SILERE. Tacere significa calar a boca. Só isso. Silere vai mais longe. Silere é acalmar o coração.

Onde será que aquela moça, bem moça ainda, aprendeu o silêncio? Que escola deu a ela a graduação do silere? Há momentos em que a gente olha para todos os lados, busca respostas em todas as direções, fala demais, ouve de menos. Ao que tudo indica ela não olhou para os lados. Olhou para cima. Quem a ensinou a aceitar as surpresas que transtornam os planos, derrubam os sonhos, dão rumo inteiramente diferente à vida? Quem lhe mostrou que não há acaso? Que a teria instruído a dar liberdade ao Eterno, para que ele mesmo viesse conduzir a trama dos seus dias?

É um mistério. Como tantos! Inexplicáveis, insondáveis, incalculáveis. É o mistério. Aquela cena daquele filme onde ela vê a queda do filho e a lembrança lhe traz de volta os tombos do menino, e a frase que o autor resolveu colocar nos lábios dele quando se encontraram: Eu faço novas todas as coisas! É o mistério agoniante do SIM. Tudo é mistério. E onde não houver o mistério, a vida será muito pequena.

Se lhe causa pasmo ver que o plano divino pendeu dos lábios da Virgem, que dirá, quando perceber que, anos a fio, sentando à sua porta, o próprio Deus aguarda o teu SIM?

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