Os Florais de Bach foram criados pelo Dr. Edward Bach, médico homeopata, bacteriologista e imunologista, na Inglaterra, entre 1928 e 1936. Desde muito cedo, ele havia percebido que alguns elementos da natureza (flores, plantas, água) poderiam reintegrar as emoções dispersas de cada um. Emoções não integradas provocam transtornos emocionais e doenças físicas. O legado do Dr. Bach – as 38 essências florais – é o que se poderia chamar de um patrimônio da humanidade, uma herança deixada a todos, não importando crença ou origem. Sua vontade, aliás, era a de que todos tivessem acesso aos florais, beneficiando-se deles para uma vida mais plena de saúde e bem-estar.
Dr. Bach tinha uma saúde muito frágil. Por conta disso, em 1922, ele conheceu a Doutrina de Hahnemann e seu livro básico: o "Organon da Arte de Curar", escrito mais de cem anos antes. Descobriu os princípios de Hahnemann, que curava mais guiado pelos sintomas mentais que pelos físicos e que haviam sido a base da homeopatia. Nesta época, ele começou a separar os indivíduos por grupos de semelhança de comportamento, como se sofressem do mesmo problema. Ele mesmo conta que isto aconteceu numa festa, quando ele ficou em um canto observando as pessoas. Foi aí que teve um "insight": ele imaginou que deveria existir um medicamento que aliviasse “aquele” sofrimento comum a cada grupo de indivíduos. Em 1930, resolveu largar toda sua rendosa atividade em Londres, seu consultório e os laboratórios, para buscar na natureza este sistema de cura que idealizara desde pequeno, e que sentia estar próximo dele. Tinha, então, 44 anos.
Os anos se passaram. Em 1976, os Florais de Bach foram reconhecidos pela OMS, como terapia complementar, porém, não exclusiva. Eles não se pretendem substitutos de nenhuma outra terapia convencional, física ou psíquica. Querem apenas se prestar a serem ajudantes esplêndidos, especialmente, quando as terapias empacam em resistências internas desconhecidas de médicos e pacientes. São grandes facilitadores de um resultado satisfatório e até mais rápido.
No Brasil, os Florais foram tratados de um modo muito esquisito: eles acabaram associados a terapias de cunho esotérico. Bastou isso para que se lançasse sobre eles o olhar de desconfiança de quem não adere a tais terapias ou mesmo as rechaçam. Grupos radicais e fundamentalistas, de vários segmentos religiosos, passaram a enxergar nos Florais o que não é para ser visto neles: a expressão medicamentosa desta ou daquela tendência mística. Este não é lugar para criticar nenhum pensamento ou procedimento. Trata-se apenas de constatar, para deixar claro que os Florais não são assim.
Os Florais de Bach, em sua prática, não são religiosos, por uma única razão: remédio não tem religião. Como, também, não tem status social, político, racial, etc. Se forem usados em terapias de cunho esotérico ou religioso, esta será a opção de quem ministra o tratamento ou adere a ele. Uma sociedade pluralista aceita as diferenças e convive com elas. Os velhos maniqueísmos são fósseis do passado. O mundo não se divide em “do bem” e “do mal”. O mundo é apenas mundo e ficará muito satisfeito se for tratado assim.
A única pretensão dos Florais de Bach é a de aliviar o sofrimento. Essa por si só é uma grande pretensão, talvez, das maiores. Não é?
(Continuarei.)
Um comentário:
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