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11 de julho de 2011

Inesquecíveis “CAE & DÊNI” - Zélia Gomes

Sabe quem são?

Foram os meus amados pais: Srs. Caetano Gomes Pereira e Maria Denise Guimarães Gomes, os quais, em sua intimidade, carinhosamente assim se chamavam.

Fiéis seguidores da igreja Católica eram muito religiosos, íntegros, fervorosos e cumpridores de seus mandamentos, mesmo que por isso, sofressem severa crítica por cumprirem a ordem Divina do “Crescei e multiplicai-vos”.

Papai tinha a profissão de alfaiate e em sua máquina de costura trabalhava duro dia e noite, a fim de obter ganhos para criar e educar os seus 13(treze) filhos, para que, no futuro, estes não se tornassem um peso para a sociedade. Justo, integro, e honesto, sabia como ninguém ouvir com discrição, discutir e dar conselhos aos filhos e aos amigos que o procuravam. Político e educado, pois era um autodidata por excelência, fazia questão de manter ao nosso alcance algumas importantes coleções de livros, como: Tesouro da Juventude; Enciclopédia Britânica; Grandes Vocações; Livros bíblicos e, outros, bem como a famosa revista “Seleções” da qual era assinante. Sabia discutir com propriedade sobre, política, religião, educação e o fazia com muita dignidade e respeito às idéias adversas.

Mamãe, uma “grande guerreira do bem”, foi uma professora dedicada apaixonada pela profissão. Não era só uma Mestra, mas uma parceira, uma amiga dos seus aprendizes, pois, sabia conquistar com amor, a confiança e a amizade de seus alunos. Tratava a todos com muito carinho, pois quase nunca lhes chamava a atenção. Amava tanto a sua profissão que queria que todas as filhas lhe seguissem as pegadas. Pela manhã, antes do sol nascer, tempo bom ou não, a pé ou de bicicleta, ia dar aulas numa escola rural há 9 km de casa. À tarde, lecionava no Ginásio local dando aulas de Geografia e História para a 5ª. Série e a noite, alfabetizava gratuitamente os adultos do curso Mobral.

Em um período de grande crise, resultado do advento das indústrias do vestuário, papai teve o seu ganha- pão escasseado. Com coragem e esperança, rumou para São Paulo, (capital) para trabalhar como “Contra-Mestre” de uma grande indústria do vestuário masculino e atualizar-se na profissão. Foi um período muito difícil, pois longe da família morava sozinho, e tinha que pegar todo dia duas conduções para chegar ao trabalho e duas para voltar para sua casa no bairro Itaim Paulista. Desacostumado daquela atribulada vida paulistana teve sua saúde afetada e resolveu voltar para Brazópolis.

Papai e mamãe eram muito religiosos e não perdiam a “missa aos domingos” e a “reza ao anoitecer”. Sempre que possível, se faziam presentes nas vias sacras realizadas na igreja católica.

Papai, bravo e exigente dirigia e cobrava os estudos e os afazeres domésticos de cada um dos filhos, enquanto mamãe estava fora cumprindo a sua magnífica missão de ensinar. Após o jantar, às vezes dava uma fugidinha para se distrair em um carteado no clube operário, o que deixava minha mãe estressada, pois esta ficava de guarda com os olhos fixos no relógio vigiando o seu retorno.

Nos finais de semana, papai esquecia sua autoridade paterna e levava mamãe e a nós, os filhos, para um passeio piquenique nos arredores da ex-fábrica de tecidos. Nessa oportunidade aprendíamos a andar de bicicleta, pulávamos corda, jogávamos peteca, vôlei e até futebol com os meninos. Era uma algazarra feliz.

Neste ambiente de convivência, com pais “Guerreiros e Embaixadores do Bem Querer” aprendemos o que é disciplina, a importância do estudo e do trabalho e, sobretudo, o respeito, e a aceitar as pessoas, não importando de que cor, credo ou meio de onde vinham.

Que saudades desse ambiente de família, onde havia muita alegria, risos, mas algumas vezes, também choro! Que saudades do som da nossa casa, do cheiro daquela comidinha que tinha o sabor de amor e dedicação, feita por mãos aprendizes, pois nós as filhas éramos quem cozinhava e preparava os alimentos durante a semana.

Aos sábados e domingos ficava por conta de mamãe. Aí sim, nosso almoço era uma festa com alimentos salgados e doces tão singelos, mas preparados com tanto esmero que só minha mãe sabia fazer. Eram postas duas mesas, uma grande na copa e outra pequena na cozinha, onde todos se sentavam e onde sempre cabia mais alguém. Sempre com respeito e paciência, mamãe buscava ajudar e amparar a todos que adentravam pela nossa porta.

Assim, agradeço a Deus pelo grande presente recebido em minha vida, meus inesquecíveis PAIS, a quem, os tenho hoje como meu Farol; meu Lema; e minha Estrela Guia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como irmã da Zélia e filha de Deni e Cae expresso o meu apreço por essa homenagem à eles, acrescentando que eram pais muito amados por todos nós e de uma paciência infinita. Papai era extremamente dócil e sempre disponível para nos auxiliar nas nossas lições escolares. Já mamãe muitas vezes brincava conosco de vôlei na rua de nossa casa, outras vezes de corda, de bola.
Beijos,
Regina Maria

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