Depois de uma exaustiva noite de trabalho em seu plantão no hospital, cansada, ela desceu do ônibus e, morrendo de sono, caminhou o quarteirão que ainda faltava para chegar em casa.
Duro era ter ainda que encarar os três lances de escada do prédio onde morava pois não tinha elevador. Chegando à porta do apartamento, bastante sonolenta, tirou sua chave da bolsa, colocou na fechadura, tentou girá-la mas não conseguia. Estava difícil abrir a porta.
Tentou novamente, forçou mais até que a porta se abriu. Entrou, se jogou exausta no sofá, louca para ficar livre dos sapatos que lhe apertavam os pés.
Deu um longo e aliviado suspiro e, quando olhou ao redor, notou que algo estava estranho.
_ Nossa! Será que a mamãe trocou o sofá durante a noite?
Olhou com mais atenção o resto da sala e achou que seria impossível, estava tudo mudado.
_ Que coisa estranha! – ela pensou.
Então, do banheiro, lhe chega um cantarolar com voz masculina.
_ Êpa, aqui em casa nem tem homem... Acho que entrei no apartamento errado.
Nervosa com seu engano, ela se lembrou de alguém dizendo em um programa de TV que quando se comete uma grande gafe, só se tem duas opções: presença de espírito ou ausência de corpo.
Neste caso, a segunda opção lhe pareceu a melhor. E, sem fazer barulho, abriu a porta e subiu correndo o andar que faltava para chegar em seu apartamento.
(Crônica do Livro “NORONHANDO...”)
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