Se hoje te vejo tão velha e tão nova,
Burilo meus versos nos versos que rimo
Pois quero saudar-te na rima ou na trova
Por seres meu berço, meu lar de menino.
Saudosa Terrinha do tempo passado:
No teu centenário mostrando teu porte,
Seguindo o progresso por ti almejado,
Valente trajetas mirando teu norte.
E as ondas nos ares trazendo saudade
Mergulho no tempo, batismo de pranto,
Pois olho de longe, bem longe na idade
Teu verde de serra, esperança em teu manto.
Se ausente bem longe, bem longe mourejo,
Por certo perdi teu perfil e semblante,
E a voz da verdade proibindo cotejo
Proíbe uma escala em progresso marcante.
E o tempo passando, audaz, centenário,
Traçando o passado de tantas nuanças,
Tornaste, por vezes, tão quente berçário
Que acolhe, acalenta gentis esperanças.
Conservo na mente os canários da terra.;
As flores branquinhas dos seus cafezais.;
E sinto o perfume das relvas da serra,
Perfume do céu em divinos florais.
E os carros gemendo nas vias da roça.;
E os galos cantando de noite e de dia.;
Um hino de prece de cada palhoça
E o sino em sonata da Ave-Maria.
Parece-me ver as fiéis professoras,
Seu porte de mestra bravio ou sereno
Mostrando o presente, as coisas vindouras
Plantadas no bom ou no falso terreno.
Das missas solenes me lembro também.
Do padre Quinzinho, palavras gentis.
Do misto de vozes, regência de alguém
Nos dias de festa na Igreja Matriz.
Adeus meu rincão de tantas lembranças!
Teu dia de festa me alegra, me acalma
Por ver-te sorrindo com novas crianças
Deixando o passado gravado em minh’alma.
Se estes meus versos, de um filho que chora
Fizerem partilha da festa em jornada,
Aceita meu pranto sentindo essa aurora
Do teu centenário em sua alvorada.
Pe. Luiz Ignácio Bordignon Fernandes, SDB,
em 2001, por ocasião do 1.º Centenário
de Brazópolis ou Brasópolis (MG).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por dar a sua opinião.
Elogie, critique, mas faça isso com educação.
- Comentário com palavras de baixo calão será excluído.