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18 de março de 2011

MIRAGEM - Alfredo de Noronha

Certa canoa invejosa

Fazia pouco do rio...

Só pensava no oceano,

Queria ser um navio!


Naviosinho, veleiro

Sempre a singrar, a singrar...

Ouvindo as queixas da lua

Conversando com o mar!


Pensando assim a canoa

Sonhou que era um navio;

Mar à fora, lentamente,

Nem se lembrava do rio!


Ia singrando... singrando...

E as ondas sempre dormindo...

O céu azul, estrelado,

Mar da bonança sorrindo!


Veio depois a tormenta!

A lua esmaeceu...

As ondas logo acordaram

Pois o mar se enfureceu!


O pobre naviosinho

Foi afundando... afundando...

E o furacão lhe dizia:

Adeus navio! Até quando!


Nessa agonia, a canoa,

Estremeceu... acordou...

Beijou o rio dizendo:

Só quero ser o que sou.


Também a gente, na vida,

Quer imitar a canoa...

Ambiciona grandes mares,

Mas não sai duma lagoa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Legal, nem consigo mensurar em tempo quando foi que li essa poesia de meu Avô pela última vez.

Valeu Fati!

Marquinho Noronha

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