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27 de abril de 2010

A VOZ DA NATUREZA - P/ Inácio José chaves

Nos idos dos anos 70, até mesmo nas pequenas comunidades, a
população clamava por mudanças urgentes.
Garoto, vivendo nos contrafortes da Mantiqueira, conhecia todas as pichações da cidade, grande parte dela contra a ditadura vigente.Uma, escrita num muro próximo à minha casa, chamava atenção.Era em letras que cobriam toda sua extensão: Salvem a Amazônia!
Acostumado ao discurso emblemático e ultrapatriótico do programa “Amaral Neto”, fiquei assustado com a denúncia. Teria ela alguma procedência? Não seria verdade que aquela região, recanto das árvores, dos caudalosos rios, da pororoca, dos animais exóticos, terra das comunidades indígenas e dos ribeirinhos, que me inflava de orgulho,
estivesse passando por apuros.
Creiam vocês que por mais algum tempo a questão da degradação ambiental em meu país não fez parte das minhas inquietações. Isso era problema de país desenvolvido.
Anos passaram. O tempo desbotou a citada pichação, o muro ruiu e trouxe com ela a vivência democrática. Tudo o que estava acobertado pela conveniência aflorou.
Uma vez mais a televisão foi o canal que me ligou ao mundo, esta decantada aldeia global. Através dela ouvi a voz trêmula e desafiadora da natureza. O seu clamor vinha de todos os cantos do mundo; devastações, poluição desenfreada, acidentes, crimes ambientais ... a ganância e o consumo exagerado.. Nela assisti ao esforço da comunidade internacional em implementar políticas públicas conscientes na ECO-92.
Previsões catastróficas passaram a dar o tom das questões ambientais, o grito que se ouvia era o de uma natureza agonizante. Uma voz desesperada diante do choro incessante das geleiras, do calor intenso, das espécies sendo extintas (predadores homens).
A humanidade se vê numa encruzilhada, concordam? Há necessidade de mudanças de paradigmas e ela é sentida em muitos lugares.
Lembram-se do pequeno lugar onde nasci? Pois é, hoje poderíamos deparar em seus muros com nova pichação: “Salvemos o nosso Vargem Grande”. Trata-se de uma pequena artéria dentro de um rico sistema hídrico que temos no sul de Minas. O barquinho de papel que eu nele coloco pode ser encontrado por algum portenho no Mar Del Plata. Fazemos parte de uma rede, mesmo pequenos somos responsáveis. A omissão é imperdoável. A mata ciliar e as nascentes do Vargem Grande estão sendo recuperadas graças a uma ONG que abraçou a causa ambiental. É com alegria que vemos as novas gerações dando ouvidos à natureza. Vamos torcer para que o restante da humanidade não reproduza neste momento crucial um diálogo surdo:
_ Escutou?
_Não! Responde matreiro o homem.
_ Escutou sim, eu falei!
Ouçamos a voz.
Inácio José chaves

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