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26 de abril de 2010

Nosso caminho da fé - De Tambaú (SP) a Aparecida do Norte passando por Luminosa

PAULO COELHO PASSA POR LUMINOSA RUMO A APARECIDA, PELO CAMINHO DA FÉ
Com aproximadamente 400km de extensão, o Caminho foi inaugurado em 2003 e vai de Tambaú, no interior de São Paulo, até Aparecida do Norte no Vale do Paraíba, atravessando a Serra da Mantiqueira, pelo sul de Minas Gerais, quando passa pelo Distrito de Luminosa
O escritor Paulo Coelho passou por lá há pouco tempo, visitou a Igreja, as Pousadas e bateu um bom papo com os moradores. Outros famosos também passaram por lá anonimamente. Renato Gaúcho foi um deles. Corre à “boca miúda” que está nos planos do jornalista Zeca Camargo, do Fantástico, fazer o Caminho.
Inspirado no milenar Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, o Caminho da Fé brasileiro é uma trilha de peregrinação, criado para dar estrutura aos peregrinos que vão ao Santuário Nacional de Aparecida.
No Caminho o peregrino vai reforçando sua fé, observando a natureza privilegiada, superando as dificuldades. O exercício da humildade se dará nas simplicidades das pousadas e das refeições. Além disso, em cada parada, estará contribuindo para o desenvolvimento econômico e social das pequenas cidades e propiciando a integração cultural de seus habitantes com a dos peregrinos de diferentes partes do mundo.
Pode-se fazer o Caminho a pé ou de bicicleta. São necessários aproximadamente 16 dias, fazendo uma média de 25km por dia, para percorrer todo o Caminho.
Durante todo o trajeto, o peregrino se hospeda em pousadas credenciadas pela “Associação de Amigos do Caminho da Fé”. Em Luminosa são duas Pousadas: A Pousada N. S. das Candeias da D. Ditinha e a Pousada da D. Neuza.
CAMINHOS DA FÉ E DA LUZ: MEMÓRIAS, CASOS, DIÁRIO DE BORDO...
“São estranhos os nomes das cidades pelos lados dos caminhos da Fé e da Luz: Manhumirim, Manhuaçu,Tocos de Mogi, Carangola, Tombos, Luminosa...
Um trecho do Caminho da Fé é simplesmente maravilhoso; inicia-se “ladeando” a Mantiqueira e, depois, principalmente de Tocos de Mogi a Luminosa, penetra-se em seus fundões e a gente se vê cercado de Mantiqueira por todos os lados. Luminosa, por exemplo, uma pequena vila, com mais de mil metros de altitude, é cercada por altas, inalcançáveis, azuis e pedregosas montanhas. Em uma delas, em seu topo, o Observatório Astronômico de Brasópolis. Tivemos sorte; foram noites estreladas, céu azul, cheiro de ar, corpo cansado caído em cama limpa: depois de um dia de caminhada, um bem inestimável para a alma.
Luminosa é um pequeno distrito no município de Brasópolis. Pertenceu a São Paulo e desgarrou-se deste estado para se amasiar com Minas Gerais, na revolução de 32. Tem mais cara de cidade mineira mesmo. Pouco depois de se passar pelo povoado de Canta Galo, município de Paraisópolis, vê-se do alto de uma vertente da Mantiqueira, lá embaixo, a pequena Luminosa, com seus mil e poucos metros de altitude: cara e jeito de uma cidade medieval européia. “Só que de gentios desrespeitosos deixaram do lado de fora os seus mortos”, pensei, ao ver, separado da cidade e fora dos muros inexistentes, o cemitério. No mais era só inventar com o pensamento o muro de pedra e lá estaria a medieval Luminosa. Era dia de festa religiosa. Cidade cheia de gente e de misturas improváveis nos dias de hoje: encontrava-se lá, na ruazinha única da cidade, estacionadas ao lado dos cavalos e das mulas, potentes motos “off road”; caipiras com suas calças justas, canivete atado ao cinto, chapéu de aba larga ao lado de fortes e ruidosos rapazes em suas indumentárias coloridas de percorrer velozmente trilhas com suas motos; por ser dia de festa, muitos bêbados nas ruas: alguns tentavam, em seus cavalos, acrobacias e peripécias para fazer bonito para as mocinhas, mas seus cavalos, obedientes e dóceis, mesmo cutucados pelas esporas afiadas e cortantes, reconhecendo o estado de seu dono, teimavam em andar a passos curtos e seguros, o cavaleiro cambaleando - com o sorriso de bêbado - todo torto em seu dorso. Na calçada, carros estacionados, com o volume do som o mais alto possível, tocando forrós acompanhados por bandos de jovens alegres e barulhentos. Perto da igreja, em um galpão improvisado, havia leilão para “arranjar fundos” para reformar a bela igrejinha de frente à praça. E jovens namorados se beijando na boca com muita sensualidade, pouco se importando com o mundo lá fora: puro prazer. Tinha de tudo em Luminosa.
A “janta” e o café da manhã estavam inclusos nos vinte reais a serem pagos na pousada de Luminosa. Muito simples e limpa, fica no andar de cima do bar do casal; naquele dia, o movimento aumenta e dona Neuza vai ajudar o marido: fritar frango e batata para acompanhar a cerveja dos motoqueiros e cavaleiros daquele domingo de alegria na pequena vila; “tem que se aproveitar o dia”, dizia; da janela da pousada se vê o difícil caminho do dia seguinte: serão por volta de quatorze quilômetros de subida forte. Hora da “janta”, que é servida na cozinha da família. Por causa da festa e para ajudar no bar, estava lá a mãe da Dona Neuza, que é intimada: “Mãe, janta com os moços para fazer companhia para eles.
O cheiro de fogão de lenha e banha de porco, ser chamado de “moço” e a companhia da velha e comilona senhora aumentou o apetite. Uma repentina folga no bar deixou livre Dona Neuza, que, esperta, fez logo seu prato e, como minha mãe o fazia, comeu em pé, ao lado do fogão. Comida da “janta”: arroz, feijão, farinha de mandioca, salada de alface com tomates, chuchu, mandioca frita, bife de vaca e pedaços de leitão assado, arrematado no leilão da igreja por vinte reais - deliciosos.
Como, no dia seguinte, a caminhada prometia ser árdua, o recurso era sair cedo: foi o que dissemos à Dona Neuza, e tivemos a mais inusitada das respostas: “Meu quarto é este aqui. É só baterem na porta, me acordarem que faço o café rapidinho; vou deixar tudo arranjado.
Na manhã seguinte, pela primeira vez em minha vida, estou eu lá batendo na porta do quarto para acordar e não ser acordado pelo dono do hotel; sono leve, Dona Neuza acordou rápido e mais rápido ainda fez o solicitado café sem açúcar, ou, em seu dizer, “café margoso”: palavra que há anos não ouvia.”
Orlando , natural de Pedregulho, estado de São Paulo. http://oficiocontadordehistorias.blogspot.com/2008/11/caminhos-da-fe-e-da-luz-memrias-casos.html

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