Sinos , velhos sinos
Lá na torre da Matriz
Bem me lembro ,oh! quanto me lembro
Em tempos de menino...
A escada de madeira, misteriosa...
Rangedora, em caracol
Subindo, subindo para o escuro
...e, de repente: a claridade
O som de um coração compassado
da engrenagem do grande relógio
e...depois ,
ali estão, lado a lado
os velhos sinos da Matriz
Bocas enormes suspensas na torre
Ventre roçando ventre
“Caetano”, soberbo,imponente,
Grandalhão, voz grave de bronze,
“Ana”, humilde, miúda, acanhada
Sonoridade amena, feminina...
Dois corpos quase acasalados
Trancados em alcova solitária
Duas vozes aladas
Rompendo espaços,
Conquistando longínquos,
Mergulhando sobre a cidade...
Arautos festivos das missas
Coroinhas barulhentos nas procissões
Carpideiras sentidas nos funerais
Diáconos contritos nas “Ave-Marias”
Sons contagiando o Presente
Sons avivando a Saudade...
Sinos, velhos sinos
Lá na torre da Matriz
Bem me lembro, oh! quanto me lembro
Toques que são retratos
Lembranças em falas sonoras
Ecoando no vazio
a marca de um Tempo
bem vivido na alegria
Tão chorado na tristeza
Apenas ... a marca de um Tempo!!...
***
Maurício B. de Mendonça - B.Hte. 29.12.1984
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