Quando decidi que usaria cabelos bem grandes as motivações
foram duas: Simony, do Balão Mágico, e
Mara, nossa vizinha.
Todos os dias eu saía (ou fugia?) de casa para a varanda do
Zé Cupertino para ver a Mara descer a escada e balançar os cabelos. A cor era
um louro escuro, que refletia os raios de sol. De repente, alguém dizia: “desce
de novo”! Ela voltava e passava outra vez - e graciosamente - pela escada,
deixando balançar as madeixas. Por algum momento, contra a luz, parecia até um
anjo.
Aquela cena me encantava. Eu tinha lá meus 4 aninhos, idade
do meu filho hoje. A Mara era como uma boneca grande. Não me lembro mais de
tanta coisa. Havia um quebra-molas na frente da casa, e na calçada à frente,
algumas falhas no piso, onde havia terra, e onde obviamente enterrávamos
tesouros.
Não passo pela rua Alferes Antônio Dias sem me lembrar da
Mara. Até mesmo as lembranças doídas: como mais velha, coube a ela alertar a
molecada de que Papai Noel não existia.
Eu não acreditei e saí ofendida...e com mil pulgas atrás da orelha.
Claro, não tinha nada de Papai Noel, tinha era a Casa Joka. Mesmo assim, lembro
de ter voltado, aos prantos, para um ato de desagravo ao velhinho.
A rua da casa da vó tem cara de arco-íris, tudo coloridinho
sob um céu escandalosamente azul. Dia desses, soube que a Mara se foi. Por um
momento, ficou tudo meio cinza. Mas, depois, pensei: Mara ainda vive nos raios
de sol que cortam a varanda do Zé Cupertino todo fim de tarde.
8 comentários:
Muito linda a crônica . Nâo conheço a autora. Emocionei-me ao ler..
Parabéns. . .
Não entendi nadinha
Linda postagem, isto que e valorizar nossa pequena cidade e as pessoas que nela existem ou existiram, coisas simples que marcam nossas vidas.
A beleza natural do ser humano esta cada vez mais rara e a valorização das pequenas coisas tambem, como esta linda lembrança da infância, que bom compartilhar sua linda e pura experiência.
Querida aí de cima,vc não entendeu nadinha? nossa! é aquele velho problema discutido muito entre os entendidos de educação,NÃO sabem interpretação.Corra menina,volte pra escola,faz bem saber das coisas,ler e saber o que está lendo.
Muito linda esta lembrança da minha irmã. Ao ler o texto até parecia que tinha sido resgatado da minha memória. Sim, a Mara foi uma menina linda e me lembro como hoje dela andando e balançando seus lindos cabelos loiros. Eu a achava a menina mais linda de Brasopolis e pelo visto eu não era a única. Que doce lembrança!
Que lembrança linda de minha irmã Mara! Muito obrigado, Paula. Abraço, Dedé.
Aline, Dedé e pessoal, fiquei muito feliz por vocês terem lido. E que bom que gostaram, vou colocar no facebook também. Que as lembranças boas sempre nos confortem. O que fica da vida é isso. Beijos, Paula
Lindo, lindo, lindo....... amamos..........
Obrigada Paula...
Heloisa Morais
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