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16 de janeiro de 2012

História da fábrica de doces "Sinhá" - História de um vencedor!

Início da história:
No final do século XIX, faleceram os avós de Antônio Faria Filho. Quando foi dividida a grande Boa Vitória, uma antiga sesmaria, que tinha mais ou menos 1.500 alqueires, Maria Feliciana Pereira de Mendonça e Antônio Pereira de Faria herdaram parte destas terras. Em 1912, Antônio Pereira de Faria comprou a parte de João Pereira de Faria, ficando proprietário dos quase 300 alqueires de terra que continuaram com o nome de Boa Vitória. Como lá existiam, na parte alta, alguns marmeleiros, Maria Feliciana Pereira de Mendonça, “Dona Sinhá”, fazia a marmelada e a guardava em caixas de madeira para consumo durante o ano. E assim foi aumentando a plantação de marmelo, que era vendido principalmente para a fábrica Peixe, em Delfim Moreira. Levava-se o marmelo até Delfim Moreira, em pequenos caminhões, tarefa que consumia três dias. Lá chegando, o marmelo era recebido pessoalmente pelo proprietário, Sr. Carlos de Brito, que dizia ser o melhor marmelo que ele recebia.
Quando o marmelo descia da serra, entre 1944 a 1947, a esposa de Antônio Faria Filho, Maria José Mendonça Faria, que morava num sítio, na parte baixa da fazenda, era quem fazia a marmelada no lugar de sua sogra, Dona Sinhá, que já havia falecido. Era uma marmelada de primeiríssima qualidade, comprada por todos que por ali passavam, principalmente, o fazendeiro João Rosa, que dizia: “Marmelada igual a que ela fazia, impossível, era inigualável”!
Antonio Faria Filho, um jovem iluminado, de espírito empreendedor, herdara uma propriedade rural no município de Brasópolis, sul de Minas Gerais, que, devido ao seu relevo acidentado, era considerada, por muitos, como uma terra sem valor.
Foi nesta terra que Antônio Faria Filho, apaixonado pela agricultura, iniciou sua lavoura de frutas contrariando todos os outros produtores da região , que se dedicavam à cafeicultura. Começou pelo marmelo, fruta muito conhecida na época e, hoje, muito difícil de ser encontrado. Depois cultivou a goiaba, fruto tropical bastante popular.
A lavoura de Antônio Faria foi um sucesso, resultado da excelente condição climática da região, muito estudo e dedicação pessoal. Até este momento, Antonio Faria estava muito satisfeito com o resultado de seu trabalho, mas quando iniciou o período de colheita das frutas, surgiram os problemas...
Nessa época, as localidades eram normalmente de difícil acesso por rodovias. Para chegar a São Paulo ou ao Rio de Janeiro, onde se encontravam os centros consumidores mais expressivos, a viagem durava dias e, tratando-se do transporte de frutas, a produção se perdia, antes de alcançar o seu destino. Assim, Antonio Faria optou pelo transporte de carga terrestre mais avançado disponível na época. Passou a utilizar a ferrovia que fora construída para escoar a produção do café. Com a utilização da ferrovia, Antonio Faria reduziu suas perdas, mas não solucionou o problema, pois quando o trem estendia mais suas paradas, devido a problemas logísticos ou para manutenção, as frutas não resistiam ao sol forte que incidia sobre os vagões e chegavam ao destino final, estragadas, como aconteceu num determinado ano dessa época: vendeu-se o marmelo a uma fábrica em Tietê – SP, e, quando as frutas chegaram à Estação de Eleotério, entre Jacutinga e Itapira, trocaram-se os vagões e o marmelo aí permaneceu por muitos dias, com perda total.
Após noites em claro, cansado das perdas, Antonio Faria iniciou sua pesquisa para conhecer as técnicas de produção de doces de frutas, pois concluiu que com a produção de algo resistente ao transporte, utilizando suas frutas como matéria-prima, resolveria o problema da perda de sua safra e ainda teria um produto de maior valor agregado, que resultaria em uma margem de lucro superior em comparação com a fruta in natura. 
Após o fracasso da venda do marmelo para Tietê, o Sr. Antonio Faria resolveu montar uma fábrica de polpa de marmelo no sítio da Fazenda Boa Vitória. Foi quando o prefeito, na época o Sr. Benedito Pereira de Mendonça, disse ao Sr. Antonio Faria que conseguiria um terreno na cidade para abrigar sua indústria.
Foi assim que, em 1947, surgiu a Indústria Alimentícia Sinhá. No início Dona Maria José Mendonça Faria, esposa de Antônio Faria e, conhecida como a melhor cozinheira da cidade, produzia pessoalmente marmelada e goiabada, sobremesas populares da cozinha brasileira, elaboradas da polpa das frutas, adicionando açúcar de cana e apurando os doces em tachos de cobre até o ponto de corte. Os Doces Sinhá foram um sucesso. Tanto a Marmelada Sinhá quanto a Goiabada Sinhá e, posteriormente, a Laranjada Sinhá tornaram-se a marca preferida dos consumidores que reconheciam, de longe, as caixinhas de madeira com a marca Sinhá, que acondicionavam com perfeição os produtos.
Em 1970, a fábrica que funcionava atrás da residência dos Faria já não dava conta das encomendas e foi transferida para a parte alta da cidade de Brasópolis, ocupando o prédio de uma tecelagem que acabara de fechar. Com mais espaço, Antonio Faria pôde aumentar a produção e também desenvolver novos produtos como as Frutas em Calda. Depois vieram os Doces Cremosos, as Frutas Cristalizadas e as Polpas de Frutas.

Desde o início, em 1947, até os dias atuais, a produção e a variedade de produtos aumentaram, os tachos de cobre foram substituídos pelos de aço inoxidável e a marca Sinhá foi trocada pela marca Helomar, mas as receitas e a qualidade permanecem inalteráveis.

2 comentários:

Anônimo disse...

Fátima vale lembrar que o nosso querido amigo Dimas Sinhá ganhou tal apelido pois enchia o seu carrinho de mão com doces Sinhá e saia pela cidade vendendo os mesmos.

Rubinho

Maria Olivia disse...

Parabéns Antônio Faria e família pelo grande empreendimento !

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