Por detrás da Alegria
e do Riso, pode haver uma natureza vulgar, dura e insensível. Mas, por detrás
do Sofrimento, há sempre Sofrimento. Ao contrário do Prazer , a Dor não tem
máscara. (Oscar Wilde)
Todo o ano é assim: quando o comércio monta as árvores e o
clima de natal começa a chegar é comum ouvir de alguns clientes no consultório
a seguinte frase: “Se pudesse, dormiria dia 23 de dezembro e só acordaria dia 2
de Janeiro…” Mas porque isso acontece?
Segundo alguns estudos, cerca de 30% da população sofre
do mal conhecido como depressão de natal . As pessoas acometidas desse “mal”
sentem na época das festas de final de ano uma angústia, sensação de desamparo,
aumento dos níveis de ansiedade e alguns outros sintomas que se assemelham a um
quadro depressivo
Existe uma série de fatores que podem provocar essa sensação.
Tudo começa com o “clima” de natal, onde todos precisam (?)
estar felizes, fraternos, além de outros nobres sentimentos que, nos são
impostos. Caso não nos sintamos assim, é como ficarmos de fora de uma festa em
que todos participam e se divertem menos nós.
Também é uma época de convivência obrigatória e alegre, seja
com familiares ou colegas de trabalho e precisamos estar transbordando de
felicidade. Essa obrigação de se estar em família, originária da tradição
cristã, muitas vezes exige esse sacrifício de se ter que estar com quem não se
quer estar. É sempre importante lembrar que não é raro, eventualmente, não
termos afinidade ou mesmo não gostarmos de algum familiar próximo.
Evidentemente que isso provoca ansiedade (toda a ansiedade é sofrimento) e a
pessoa não vê a hora de se livrar desse compromisso. Mas o medo de desagradar
os demais familiares, não querendo ser o motivo de uma eventual tristeza, faz
com que se sinta obrigado a estar presente.
Não podemos esquecer também das perdas pessoais de
familiares que sempre são mais sentidas no natal, já que a família está reunida
e a pessoa não está mais presente, o que sempre traz mais um peso emotivo para
a data e para a noite de natal. A lembrança dessa perda dura muito tempo e a
salvação de uma noite mais animada fica a cargo da presença de crianças, que
pelo encantamento dos presentes e até mesmo pela própria condição de criança,
ainda não aprenderam com os adultos essas tristezas obrigatórias.
Situações e emoções reprimidas com familiares, colegas e
amigos precisam ser esquecidas para que a festa não seja estragada, o que
aumenta o nível de tensão e faz da noite de natal para muitas pessoas um
sofrimento inescapável.
E, ainda para piorar, algumas pessoas têm nas compras um
escape para suas ansiedades e fazem no natal dívidas que terão que cumprir no
ano seguinte por alguns meses, com o objetivo de se sentirem melhores, o que
nunca acontece…
Nessa hora, procure rever a maneira como você lida com essa
data, se dê, de presente, um natal diferente, revogando algumas obrigações que
não fazem mais nenhum bem. Procure ser honesto consigo e evite fingir o mais
que puder, já que, quando não estamos naturais a tensão está presente e
terminamos exagerando na comida, bebida ou compras para nos anestesiarmos.
Mas quando isso começa? Pode ser desde a infância, com dias
de natal tristes, onde muitas vezes a criança não entende racionalmente, mas
sente o clima e a cada ano, mesmo depois
de adulto, a cada natal volta a sentir a mesma tristeza. Mas também isso pode
começar a partir de um natal em especial, pelo motivo que for, criando um
trauma revivido a cada ano.
Nossa mente, na sua parte ligada a sobrevivência, nos remete
ao passado com facilidade, seja por alguma data, música, aroma, etc. Ainda mais
se for para a negatividade. Dessa forma, sentimos a mesma sensação da primeira
vez mesmo que já tenha se passado muito tempo, e isso tem a finalidade de não
repetirmos nada que nos fez sofrer com o objetivo de nos manter vivos. Não
existe análise qualitativa nisso. Observe que os bons momentos são lembrados
com pouca emoção, como se estivéssemos contando um filme que vimos, mas os
ruins…
Aliás, um dos grande problemas dos nossos sofrimentos estão
ligados ao fato de não sabermos como nossa mente funciona, o que impede
mudanças importantes nos padrões de comportamento. Como poderemos arrumar ou
ajustar uma máquina que não sabemos seus princípios de funcionamento?
Um comentário:
É assim mesmo,já tive isso.Graças a Deus estou curada.
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