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30 de junho de 2015

O PASSADO NÃO PODE MORRER - Elieldo Duarte



Hoje são tantas atrações na vida de uma pessoa que ela pode até deixar passar a vida sem perceber. Parece um paradoxo mas não é. O mundo real exige muita observação, ouvidos atentos, olhar apurado, percepção sutil. Isso é o alimento da alma, e é isso que nos dá o prazer de cada dia. Perceber e vivenciar os modismos da atualidade não é exatamente enxergar o mundo, ver a vida. Isso são cortinas que encobrem a essência vital; esta, feita de muitos momentos agradáveis e, na maioria das vezes, simples, e tão simples que grudam em nossa mente por muitos anos, por toda vida.

Momentos de conversa com amigos, de risadas altas, conversa compartilhada sem pressa, sem obrigação. Diz-se que recordar o passado às vezes pode ser doloroso, mas ninguém vive sem recordações. Imagino o que os jovens de hoje recordarão no futuro e sinto um pouco de pena deles. Tomara que sintam o que nós, jovens dos anos 80 e 90 sentimos hoje. Acredito ser esse o motivo de minha mente ter parado aos 20 anos; pelo menos eu sinto assim.

A correria do dia-a-dia, o trabalho, as preocupações de hoje não são justificativas para ninguém dizer que raramente conversa com amigos, que não os visita por falta de tempo. O que se vê são grupos de amigos (se assim se pode dizer) aglomerados. Sim, porque não é difícil encontrar essas pessoas em volta de uma mesa todas teclando em um celular de última geração, todos olhando para a telinha, todos querendo saber o que se passa lá fora. O que se passa longe parece mais importante do que esse momento de encontro. Então é só aglomeração mesmo. A história, as angústias, as alegrias dos presentes não importa tanto.

Do que essas pessoas lembrarão daqui a 10 anos? Da conversa que não houve? Das histórias que não contaram? De que? Apenas da foto tirada no momento, isso se a foto ficar arquivada, porque impressa talvez não estará, nem em papal, nem na mente de ninguém. As pessoas de hoje estão pós-modernamente, como diria Belchior, apaixonadas por telefones celulares e redes sociais.

Por isso alegro-me praticamente todos os dias por ter atravessado os anos 80 e 90, quando brincadeiras de criança envolviam a criatividade de cada um. Cantigas, brinquedos improvisados e noites de lua faziam a festa da garotada adolescente daqueles anos. Banhos de chuva eram tão comuns e marcantes que ainda hoje sinto saudades, e ainda hoje aprecio, basta chover forte. Eram momentos de puro deleite ao lado de uma turma cujos nomes eram pronunciados dezenas de vezes em pouquíssimo tempo, nesses momentos de alegria, quando a idade de cada um estava mais de acordo com seu pensamento, suas atitudes. Rapazes e moças curtiam e paqueravam ao estilo da época, enviando cartas, bilhetes, onde se podia ver a marca registrada de cada um. Era uma época de menos tecnologia, porém de mais calor humano.

Como era bom não conhecer o mundo lá fora. Não saber das desgraças que hoje a TV insiste em mostrar, enquanto deixa de lado as vitórias da humanidade. Parece que hoje se vive do tragédia que choca e não da serenidade, da esperança, das boas notícias.

Naquele tempo sentíamos os doces e amargos da vida, enquanto hoje somos rodeados quase que totalmente por uma calamidade que parece não ter fim, um caos. Será isso que estará nas lembranças das pessoas daqui a 20 anos? É necessário muito esforço para sentir os pés no chão, sentir o vento que nos sopra todo dia, a lua que se apresenta à noite. Porque o mundo parece girar tão rápido que nem percebemos essas coisas simples, mas tão importantes do dia-a-dia. As pessoas estão tão acostumadas a buscar algo distante que esquecem das belezas que estão tão próximas, tão fáceis. É o mundo distante que parece ser mais bonito, interessante. Por isso acredito que recordar é algo tão bom quanto ter vivido certos momentos, ter vivido a perfeição das coisas simples. Saudade imensa dos anos passados.

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