Certas coisas me
deixam atônito
Outras esperançoso
Fumo um cigarro por
inteiro
Já quase no fim da
vida
Dispenso-o agonizando
Na plataforma da velha
estação
Transeuntes se
despedem
Se abraçam; É a
saudade, é a solidão...
Eu fico com a
despedida do trem
Se parece mais com meu
coração
Sigo sem destino pelos
trilhos da ilusão
As vezes penso que
estou ficando velho
Daqueles que precisam
do balanço
De uma velha cadeira
Que senti a
necessidade do calor
Da quase apagada
lareira.
As vezes me sinto um
garoto sonhador
Daqueles que saem no
inverno para comprar sonhos
E toca o mais profundo
gelo, a sua dor...
Suas mãos pequeninas,
curtas o bastante
Para tocar o íntimo de
uma flor.
O tempo vai passando
com seus ponteiros sorrateiros
Parecem nunca parar
para descansar
Vejo sua foto,
amarelada pelo passar do tempo
Porém teu sorriso é
intacto, e me encanta.
Quantas primaveras
ainda terei de esperar
O meu jardim
imaginário reclama
A raiz desta tua
ausência;
Serás para sempre a
mais bela rosa
Todas as tuas rebeldes
pétalas
São para mim favos de
mel
O pousar da mais
completa abstinência
Daquilo que me consome
e se chama amor.
Estou disposto a
desafiar o tempo
Mesmo jovem ou ainda
velho
Ainda sinto aquela
brasa semiapagada;
Não partirá o trem,
nem haverá despedidas
Enquanto não crescer
aquelas mãos pequeninas
Elas podarão do jardim
a mais linda flor
Então poderei
descansar o meu coração.
Quero apalpá-la
somente mais uma vez
Sei que teus espinhos
hão de perfurar minhas mãos
Sangue do meu sangue,
metade minha
Amar-te-ei com todas
as minhas forças
No meu jardim
imaginário
Rego todos os dias com
minhas lágrimas
Teu caule forte e
franzino
Paloma, metade minha.
"Homenagem a
você, Paloma Cristina Zacarelli
Minha filha, minha
metade, para toda vida."
Marcelo Zacarelli
São Paulo, 24 de
Janeiro de 2104
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