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17 de julho de 2010

O LEITE E O VINHO - Alfredo de Noronha


Certa vez, não sei bem onde,
O leite, muito branquinho,
Discutia amargurado
Com o outro líquido – o vinho.

_A vida tem dessas coisas,
dizia o leite magoado,
eu, que sou bom alimento,
vivo sempre desprezado!

Em lata suja, bem suja,
Ou em garrafa quebrada,
Sou conduzido sem rótulo,
Sem selo, tampa, sem nada!

Nos armários das cozinhas
E nas taipas dos fogões,
Pelos cantos atirado,
Vivo sempre aos trambolhões!

No entanto, sou alimento
Portador da própria vida...
Vê-se pois que a humanidade
Não me é reconhecida.

E tu vinho fidalgo,
E tu, vinho perverso,
Dizei também qualquer coisa,
Ó perdição do universo!

Por tua causa, ó malvado,
Quantas famílias sem pão!
Quantos coitados soluçam,
Imersos na maldição!



Veneno, puro veneno
Que mata devagarinho,
Tu deixas, por onde passas,
Somente prantos , ó vinho!

No entanto vives garboso
No garrafão bem lacrado...
Toma parte nos banquetes,
Sendo pois, bem festejado!

Não usas tampa de palha,
Feios latões gordurentos,
Mas trazes sempre contigo
Martírio e sofrimentos!

Afinal, vinho maldito,
Não queres nada dizer?
Dizes também qualquer coisa,
Defende-te, quero ver!

_Tenho culpa? (Disse o vinho
com arzinho de ressaca)
de ter por mãe uma uva
e ser a tua uma vaca?

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