ALMA por Renato Lôbo

Calma!
A vida segue seu curso. Nem adiante nem pare. Siga.
Simplesmente siga.
Como puder. Como der.
Calmamente. Calma mente.
Como um rio, sem inundar as margens nem secar o leito.
Calmamente. Calma mente.

Tudo o que você correu não levou a lugar algum.
Nem para dentro de si.
Então, pare de correr.
Chega!
Olhe. Contemple. Se deixe ficar.
Deixe-se escutar pelo som do universo. À noite.
Visite as estrelas. Nesse céu de chumbo haverá nem que seja uma.
Procure-a.
E quando a encontrar, trate-a bem, e ela será sempre sua.
A sua estrela.
Toda noite ela lhe irá esperar, à janela, só pra lhe desejar boa noite.
Na vida, quem perde o telhado ganha as estrelas.
Será que as estelas não têm sentimento?
Dizem que somos poeira delas..
Tudo o que vive em nós já iluminou o céu.

Agora mantenha a calma.
Coloque uma música.
Deixe seu corpo lhe dizer do que ele precisa.
Ele sabe melhor que você das reais necessidades suas.

E agradeça. Muito. Muito.
Entre na fila dos que agradecem. Ele é sempre a mais curta.
Poderíamos já não estar mais aqui.
Quem sabe, nem ter chegado.
O fato de estarmos é uma grande honra, uma responsabilidade, um dever.
Mais! É um sinal de afeto.
Algo do tipo Alguém nos quis até aqui, nos quer aqui.
Por que seria? Por que precisou querer?
E se não houvesse respostas, por que as perguntas?

Ouça o vento, a chuva. Ouça o silêncio.

Não. Não há nenhum sádico arquiteto de nenhum universo.
Não. Ele não colocaria em nós perguntas para as quais não há respostas.
Se ainda não sabemos responder, é porque ainda não conseguimos ouvir.

Calma.
A calma é a alma da alma.
A calma é tudo o que se precisa.
A alma é tudo o que se precisa.

Alma!
É o lugar onde o que não existe, existe.
Onde o tempo para.
Se não for possível hoje, quem sabe amanhã. Com calma.
Ou depois de amanhã. Ou depois de depois de amanhã. Com alma.

Calma.
O mundo precisa de você. Senão, por quê?
Alma.
O mundo não vive sem você. Senão, por quê?