O "bullying" não é um
fenômeno moderno, mas hoje os pais estão bem preocupados porque parece que ele
se alastrou nos locais onde há grupos de crianças e jovens, principalmente na
escola. Todos têm receio de que o filho seja alvo de humilhação, exclusão ou
brincadeiras de mau gosto por parte dos colegas, para citar exemplos da
prática, mas poucos são os que se preocupam em preparar o filho para que ele
não seja autor dessas atividades. Quando pensamos no "bu- llying",
logo consideramos os atos violentos e agressivos, mas é raro que os
consideremos como atos de incivilidade. Vamos, então, refletir a respeito desse
fenômeno sob essa ótica. Por que é que mesmo os adultos que nunca foram vítimas
de atos de violência, como assalto ou furto, sentem uma grande sensação de
insegurança nos espaços públicos? Simples: porque eles sentem que nesses locais
tudo pode acontecer. A vida em comunidade está comprometida, e cada um faz o que
julga o melhor para si sem considerar o bem comum. Outro dia, vi uma cena que
exemplifica bem essa situação. Em uma farmácia repleta de clientes, só dois
caixas funcionavam, o que causou uma fila imensa. Em dado momento, um terceiro
caixa abriu e o atendente chamou o próximo cliente. O que aconteceu? Várias
pessoas que estavam no fim da fila e outras que aguardavam ainda a sua vez
correram para serem atendidas. Apenas uma jovem mulher reagiu e disse que
estavam todos com pressa e aguardando a sua vez. Ela se tornou alvo de ironias
e ainda ouviu um homem dizer que "a vida é dos mais espertos". Essa
cena permite uma conclusão: a de que ser um cidadão responsável e respeitoso
promove desvantagens. É esse clima que, de um modo geral, reina entre crianças
e jovens: o de que ser um bom garoto ou aluno correto não é um bem em si. Além
disso, as crianças e os jovens também convivem com essa sensação de insegurança
de que, na escola, tudo pode acontecer. Muitos criam estratégias para evitar
serem vistos como frágeis e se tornarem alvo de zombarias. Tais estratégias
podem se transformar em atos de incivilidade. A convivência promove conflitos
variados e é preciso saber negociá-los com estratégias respeitosas e
civilizadas. Muitos pais ensinam seus filhos a negociarem conflitos de modo
pacífico e polido, mas muitos não o fazem. É preciso estar atento a esse
detalhe. Aliás, costumo dizer que é nos detalhes que a educação acontece. Faz
parte também do trabalho da escola esse ensinamento. Aprender a não cometer
atos de incivilidade diminuiria muito o "bullying". Para tanto, não
se pode abandonar crianças ou jovens à própria sorte: é preciso a presença
educativa e reguladora dos adultos. Isso vale, principalmente, nos horários
escolares em que o fenômeno mais ocorre: na entrada, na saída e no recreio.
Um comentário:
É isso mesmo! Andam só ensinando os direitos, afinal de contas "meu filho não pode ser bobo"! Imagina só, devolver um troco que veio a mais? bobagem...Mas reclamar do que faltou, isso sim, é importante. "Vai lá,meu filho e se precisar brigue"! Ceder lugar na fila? Isso é coisa de gente boba! Tem mais é que passar na frente. Seja esperto hein,meu filho! Deixar alguém me ultrapassar na estrada? "Desaforo"! Aliás, o que mais se houve hoje em dia é "Imagina só se fiquei quieto?! Dei o troco na hora, afinal de contas não levo desaforo pra casa"! E o pior é o tom de orgulho que acompanha esta frase! Mas...E os deveres, e o respeito ao próximo? Alguém ainda lembra de ensinar para os filhos? Dever? O que é isto mesmo?
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