Correm escritas por aí, reflexões e mais reflexões filosóficas,
populares ou mesmo jocosas do que é ser mineiro. Há quem os colecione e o
conhecido mineiro Frei Betto publicou, há algum tempo, um longo artigo no Estadão,
resumindo quase todas. Esta sua crônica já fez escola e já está até em livro.
Só que, suprema infâmia, há quem não goste de ver os segredos da
mineirice esparramados assim aos quatro ventos, bandeiras desfraldadas de
fofocas de comadres tremulando pelos ares. Parece aquela figura esdruxula da
TV, o Mister M, estragando todo o prazer e encanto das mágicas. E todas essas
fanfarronices em torno do que é ser mineiro acabam contradizendo o que elas
mesmas e entregam de mão beijada o ouro ao inimigo.
Sei que também piso em terreno movediço ao falar disto. Melhor mesmo
seria fazer como Fernando Sabino, mineiro de plena mineirice ao afirmar: - “Para
mim, fica decidido que ser mineiro é
jamais tocar nesse assunto”.
Ele fala a propósito disso no seu saboroso livro “O Tabuleiro de Damas”,
onde narra uma conversa telefônica com Guimaraes Rosa, um mineiro mestre na
mineirice.
Acontece que Rosa escrevera sobre o tema para a revista “Manchete”, a
pedido de outro mineiro , o Otto Lara Resende, também de vigilante mineirice,
numa série em que diversos escri8tores falariam de seus estados.
Pois nesta conversa, Rosa indaga do Sabino se gostara do artigo. Ele
anuiu com um gostei tão desenxabido que o levou a justificar: - “Só tem um defeitinho. Um só. Ter sido
escrito. E logo por um mineiro”. E parece que o grande Rosa concordou
plenamente ao dizer: _ “Com essa você me pegou”.
Então, mineiramente, só fico tranquilo por estar em Minas e escrevendo
para Minas com suas montanhas e este seu
ar desconfiado e cauteloso. Assim em casa, na grande cozinha, sentado na mesa
larga, com café, queijo curado, biscoito, broa de fubá e o fumeiro estalando de
cheio, dá pra finalmente filosofar para quem ainda insistir:
_ Ser mineiro... sei não, uai!
José
Benedito de Lima nasceu em 19 de abril de 1944, em Brazópolis, filho de Geraldo
Rodrigues de Lima e Maria José Strazzer. É pai de Leopoldo e Otávio.
Viveu sua
infância em Brazópolis quando foi para o seminário onde ficou até sua adolescência,
não seguindo a carreira eclesiástica.
Formou-se em
jornalismo pela Faculdade “Gasper Líbero”, depois bacharelou-se em Letras,
Português e Francês pela Faculdade “Nossa
Senhora Medianeira”, em São Paulo.
Lecionou em
escolas particulares em São Paulo até se aposentar.
Em
Brazópolis continuou a lecionar como professor efetivo do ensino público.
José Benedito
tem uma grande produção de poemas e crônicas, muitas delas publicadas na
imprensa brazopolense, algumas vezes assinado
J.B. Strazzer de Lima. Em 1998, publicou pela Pax & Spes – Livros de
São Paulo, uma edição preliminar de apenas 5 exemplares do livro “Quartel de
Minha Vida (Seminário do Carmo)”. Participou do Livro “Brazópolis – 100 anos de
Emancipação Política” em 2001.
José Bendito
não se considera um escritor, apenas um amador. Segundo suas palavras: “Se o
grande poeta Bandeira se autodominava como poeta menor, como se autodenominar
então? Talvez como poeta nanico, a palavra mais próxima de nanômetro, a milionésima
parte do milímetro. É isso: Um nanopoeta.”
José
Benedito de lima participou do primeiro grupo de pessoas que idealizou a
Academia Brazopolense de Letras e História. Ocupa a cadeira 7 da área de letras
da ABLH, cujo patrono é Martinho Braga de Mendonça.
Fonte: Livro "Escritores de Brazópolis" de Isa Faria Guimarães
2 comentários:
Ser mineiro é ser mineiro, uai
O que é uai? Uai é uai, uai!
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