Das águas e do pó e da pedra bruta
Minava o que entendíamos bastar,
De envolta com o suor de nossa luta,
Para afirma-se a Pátria e se
alterar.
Mas se muito era o outro, de além
mar
Cobiça bem maior vinha no quintal
Arrebatá-lo todo para calçar
As ruas de uma certa capital.
Foi, então, que de rimas e missais
E de autos de processo e as coragem
Do homem mais puro e bravo das
Gerais
Soprou sem fim da liberdade a
aragem.
Sem fim porque era um sonho, e sonho
igual
Sonhou por toda a vida a humanidade.
Ai! mas que sonho assim resiste ao
mal
Da força que se vale da impiedade?
Rasgaram-se os missais e se riscaram
As rimas de tão doidos sonhadores,
E degradaram-se ou se agrilhoaram
As mãos que ousaram acenar com
flores.
Vieram da Guanabara as praias
brancas
Do herói o sonho em sangue
derramado;
Passou pelas estradas de barrancas
Da liberdade o vulto esquartejado.
Mas liberdade não é só um vulto
Ou um sonho que passou e nos sorriu:
É o espírito visível deste culto
Ao sangue mais dorido do Brasil.
Do Livro “Pétalas na Estrada”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por dar a sua opinião.
Elogie, critique, mas faça isso com educação.
- Comentário com palavras de baixo calão será excluído.