O SBT exibiu
na noite desta quarta-feira, 3 de outubro, a final do programa “O Maior
Brasileiro de Todos os Tempos”.
Os finalistas
foram Santos Dumont, Princesa Isabel e Chico Xavier, este último eleito
o grande vencedor – sendo assim o maior
brasileiro de todos os tempos com 71,4% dos votos.
Biografia
Francisco de
Paula Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier, nasceu em Pedro
Leopoldo, Minas Gerais, a 2 de abril de
1910.
Foi um médium
e um dos mais importantes divulgadores do espiritismo no Brasil. Seu nome de
batismo Francisco de Paula Cândido, em homenagem ao santo do dia de seu
nascimento, foi substituído pelo nome paterno de Francisco Cândido Xavier logo
que psicografou os primeiros livros, mudança oficializada em abril de 1966.
Nascido no
seio de uma família humilde, era filho de um vendedor de bilhetes de loteria, e
de Maria João de Deus, uma dona de casa católica. Segundo biógrafos, a mediunidade de Chico
teria se manifestado pela primeira vez aos quatro anos de idade, quando ele
respondeu ao pai sobre ciências, durante conversa com uma senhora sobre
gravidez. Ele dizia ver e ouvir os espíritos e conversava com eles.
A mãe
faleceu quando Francisco tinha apenas cinco anos de idade. Incapaz de criá-los,
o pai distribuiu os nove filhos entre a parentela. Nos dois anos seguintes,
Francisco foi criado pela madrinha e antiga amiga de sua mãe, Rita de Cássia,
que logo se mostrou uma pessoa cruel, vestindo-o de menina e batendo-lhe diariamente,
inicialmente por qualquer pretexto e, mais tarde, sob a alegação de que o
"menino tinha o diabo no corpo".
Não se
contentando em açoitá-lo com uma vara de marmelo, Rita passou a cravar-lhe
garfos de cozinha no ventre, não permitindo que ele os retirasse, o que
ocasionou terríveis sofrimentos ao menino. Os únicos momentos de paz que tinha
consistiam nos diálogos com o espírito de sua mãe, com quem se comunicava desde
os cinco anos de idade. Nesses contatos, o espírito da mãe recomendava-lhe "paciência,
resignação e fé em Jesus".
A madrinha
ainda criava outro filho adotivo, Moacir, que sofria de uma ferida incurável na
perna. Rita decidiu seguir a simpatia de uma benzedeira, que consistia em fazer
uma criança lamber a ferida durante três sextas-feiras em jejum, sendo a tarefa
atribuída ao pequeno Francisco. Revoltado com a imposição, Francisco conversou
novamente com o espírito da mãe, que o aconselhou a "lamber com
paciência". O espírito explicou-lhe que a simpatia "não é remédio, mas
poderia aplacar a ira da madrinha", esta sim passível de colocar em risco
a sua vida. Os espíritos se encarregariam da cura da ferida. De fato, curada a
perna de Moacir, Rita de Cássia melhorou o tratamento dado a Francisco.
Seu pai
casou-se novamente e a nova madrasta, Cidália Batista, exigiu a reunião dos
nove filhos. Francisco tinha então sete anos de idade. O casal teve ainda mais
seis filhos. Por insistência da madrasta, o menino foi matriculado na escola
pública. Nesse período, o espírito de Maria João parou de manifestar-se. O
jovem Francisco, para ajudar nas despesas da casa, começou a trabalhar vendendo
os legumes da horta da casa.
Na escola,
como na igreja, as faculdades paranormais de Francisco continuaram a causar-lhe
problemas. Durante uma aula do 4º ano primário, afirmou ter visto um homem, que
lhe ditou as composições escolares, mas ninguém lhe deu crédito e a própria
professora não se importou. Uma redação sua ganhou menção honrosa num concurso
estadual de composições escolares comemorativas do centenário da Independência
do Brasil, em 1922. Enfrentou o ceticismo dos colegas, que o acusaram de
plágio, acusação essa que sofreu durante toda a vida. Desafiado a provar os
seus dons, Francisco submeteu-se ao desafio de improvisar uma redação (com o
auxílio de um espírito) sobre um grão de areia, tema escolhido ao acaso, o que
realizou com êxito.
Assustado
com a mediunidade do jovem, o seu pai cogitou em interná-lo.
O padre
Scarzelli examinou-o e concluiu que seria um erro a internação, tratando-se
apenas de "fantasias de menino". Scarzelli simplesmente aconselhou a
família a restringir-lhe as leituras (tidas como motivo para as fantasias) e a
colocá-lo no trabalho. Francisco, então, ingressou como operário em uma fábrica
de tecidos, onde foi submetido à rigorosa disciplina do trabalho fabril, que
lhe deixou sequelas para o resto da vida.
Em 1924,
terminou o antigo curso primário e não mais voltou a estudar. Mudou de
trabalho, empregando-se como caixeiro de venda, ainda em horários extensos.
Apesar de católico devoto e das incontáveis penitências e contrições prescritas
pelo padre confessor, não parou de ter visões e nem de conversar com espíritos.
Em 1927,
então com dezessete anos de idade, Francisco perdeu a madrasta Cidália e se viu
diante da insanidade de uma irmã, que descobriu ser causada por um processo de
obsessão espiritual. Por orientação de um amigo, Francisco iniciou-se no estudo
do espiritismo.
Ajudou a
fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga, em um simples barracão de madeira de
propriedade de seu irmão. Por orientação dos espíritos benfeitores, iniciou-se
na prática da psicografia, escrevendo dezessete páginas. Nos quatro anos
subsequentes, aperfeiçoou essa capacidade embora, como relata em nota no livro
Parnaso de Além-Túmulo, ela somente tenha ganho maior clareza em finais de
1931.
Desse modo,
pela sua mediunidade começaram a manifestar-se diversos poetas falecidos,
somente identificados a partir de 1931. Em 1928, começou a publicar as suas
primeiras mensagens psicografadas nos periódicos O Jornal, do Rio de Janeiro, e
Almanaque de Notícias, de Portugal.
Em 1931, em
Pedro Leopoldo, iniciou a psicografia da obra Parnaso de Além-Túmulo.
Severo e
exigente, o mentor instruiu-o a manter-se fiel a Jesus e a Kardec, mesmo na
eventualidade de conflito com a sua orientação.
Em 1932, foi
publicado o Parnaso de Além-Túmulo pela Federação Espírita Brasileira (FEB). A
obra, coletânea de poesias ditadas por espíritos de poetas brasileiros e
portugueses, obteve grande repercussão junto à imprensa e à opinião pública
brasileira e causou conflitos entre os literatos brasileiros, cujas opiniões se
dividiram entre o reconhecimento e a acusação de pastiche. O impacto era
aumentado ao se saber que a obra tinha sido escrita por um "modesto
escriturário" de armazém do interior de Minas Gerais, que mal completara o
primário.
Os direitos
autorais das suas obras são concedidos à FEB. Nesse período, inicia a sua
relação com Manuel Quintão e Wantuil de Freitas. Ainda nesse período, descobriu
ser portador de uma catarata ocular, problema que o acompanhou pelo resto da
vida.
Continuou
com o seu emprego de escrevente-datilógrafo na Fazenda Modelo da Inspetoria
Regional do Serviço de Fomento da Produção Animal, iniciado em 1935 e a exercer
as suas funções no Centro Espírita Luís Gonzaga, atendendo aos necessitados com
receitas, conselhos e psicografando as obras do Além.
O
administrador da fazenda era o engenheiro agrônomo Rômulo Joviano, também
espírita, que além de conseguir o emprego para Chico, o ajudava a ter a paz
necessária para os trabalhos de psicografia. Neste período em que psicografava
nos porões da casa de Joviano que foi escrita uma de suas maiores obras,
intitulada Paulo e Estevão.
Com a
notoriedade, prosseguiram as críticas de pessoas que tentavam desacreditá-lo.
Além dessas pessoas, Chico Xavier ainda dizia que inimigos espirituais buscavam
atingi-lo com fluidos negativos e tentações.
No decorrer
da década de 1930, destacaram-se ainda a publicação dos romances atribuídos a
Emmanuel e da obra Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, atribuída ao
espírito de Humberto de Campos, onde a história do Brasil é interpretada de
forma mítica e teológica. Essa última obra trouxe como consequência uma ação
judicial movida pela viúva do escritor, que pleiteou por essa via direitos
autorais pelas obras psicografadas, caso se confirmasse a autoria do famoso
escritor maranhense.
A defesa do
médium foi suportada pela FEB e resultou, posteriormente, no clássico A
Psicografia Perante os Tribunais, do advogado Miguel Timponi. Em sua sentença,
o juiz decidiu que os direitos autorais referiam-se à obra reconhecida em vida
do autor, não havendo condição de o tribunal se pronunciar sobre a existência
ou não da mediunidade. Ainda assim, para evitar possíveis futuras polêmicas, o
nome do escritor falecido foi substituído pelo pseudônimo Irmão X.
Nesse
período, Francisco ingressou no serviço público federal, como auxiliar de
serviço no Ministério da Agricultura. Vale salientar que, em toda a sua
carreira como funcionário público, não existe registro de qualquer falta ao
serviço.
Em 1943, vem
a público uma das obras mais populares da literatura espírita no país, o romance
Nosso Lar, o mais vendido e divulgado da extensa obra do médium, que no ano de
2010 se tornou um filme. Esse é o primeiro de uma série de livros cuja autoria
é atribuída ao espírito André Luiz.
Nesse
período, a celebridade de Chico Xavier é crescente e cada vez mais pessoas o
procuram em busca de curas e mensagens, transformando a pequena cidade de Pedro
Leopoldo em um centro informal de peregrinação.
Em 1958, o
médium viu-se no centro de uma nova polêmica, desta vez por conta das denúncias
de um sobrinho, Amauri Pena, filho da irmã curada de obsessão. O sobrinho, anunciou-se pela imprensa como falso médium,
um imitador muito capaz, acusação que estendeu ao tio. Chico Xavier
defendeu-se, negando ter qualquer proximidade com o sobrinho.
No mesmo
período, Chico Xavier conheceu o jovem médico e médium Waldo Vieira, em
parceria com quem psicografou diversas obras em comum, até à ruptura de ambos,
alguns anos depois. Em 1959, estabeleceu residência em Uberaba, onde viveu até
ao fim de seus dias. Continuou a psicografar inúmeras obras. Uberaba tornou-se
centro de peregrinação informal, com caravanas a chegar diariamente, de pessoas
com esperança de um contato com parentes falecidos. Nesse período,
popularizam-se os livros de "mensagens": cartas ditadas a familiares
por espíritos de pessoas comuns. Prosseguem também as campanhas de distribuição
de alimentos e roupas para os pobres da cidade.
Em 22 de
maio de 1965, Chico Xavier e Waldo Vieira viajaram para Washington, Estados
Unidos, a fim de divulgar o espiritismo no exterior. Com a ajuda de Salim
Salomão Haddad, presidente do centro Christian Spirit Center, e sua esposa
Phillis, estudaram inglês e lançaram o livro Ideal Espírita, com o nome de The
World of The Spirits.
No alvorecer
da década de 1970, Chico participou de programas de televisão que alcançaram
picos de audiência. Nessa década, além da catarata e dos problemas de pulmões,
passou a sofrer de angina. Passou ainda a ajudar pessoas pobres com o dinheiro
da vendagem de seus livros, tendo para tanto criado uma fundação.
Em 1981, foi
proposto para o Prêmio Nobel da Paz, que não ganhou. Nesse período, a sua fama
ampliou-se no exterior, com diversas de suas obras sido vertidas em diversas
línguas, assim como ganhou adaptações para telenovelas.
Ao final da década de 1990, o médium contava
com mais de quatrocentos títulos de livros psicografados. Nesse período,
estimava-se em aproximadamente cinquenta milhões os livros espíritas circulando
no Brasil, dos quais quinze milhões eram atribuídos a Chico Xavier e doze
milhões a Kardec.
O Presidente da FEB, em 4 de outubro daquele
ano, por ocasião do I Congresso Espírita Mundial, apresentou uma "moção de
reconhecimento e de agradecimento ao médium Francisco Cândido Xavier",
aprovada pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, em proposta apresentada pelo
Presidente da Federação Espírita do Estado de Sergipe. No documento, as
entidades representativas do espiritismo no Brasil devotavam a sua gratidão e
respeito ao médium "pelos intensos trabalhos por ele desenvolvidos e pela
vida de exemplo, voltados ao estudo, à difusão e à prática do espiritismo, à
orientação, ao atendimento e à assistência espiritual e material aos seus
semelhantes".
O médium
faleceu aos 92 anos de idade, em decorrência de parada cardiorrespiratória, no
dia 30 de junho do ano de 2002. Conforme relatos de amigos e parentes próximos,
Chico teria pedido a Deus para morrer em um dia em que os brasileiros
estivessem muito felizes e em que o país estivesse em festa, por isso ninguém
ficaria triste com sua morte. O país festejava a conquista da Copa do Mundo de
futebol daquele ano, no dia de seu falecimento.
No ano 2000,
Chico foi eleito o mineiro do século XX, seguido por Santos Dumont e Juscelino
Kubitschek, em um concurso realizado pela Rede Globo Minas.
2 comentários:
Chico Xavier é um espírito de luz e faz jus a essa merecida homenagem.
Sem duvida é um traçado de vida com muitas revelações do mundo espiritual e material, com relação à vida de Chico Xavier, não foi uma vida fácil, muito pelo contrario, foi uma vida cheia de sofrimentos, atribuições e privações. Vejo essa menção atribuída a ele como homenagem do pouco que ele o fez em vida. Do contrario se ele estivesse vivo ele jamais iria aceitar essa atribuição como “O MAIOR BRASILEIRO DE TODOS OS TEMPOS” . A vida do amado Chico se resume em uma única fase , Caridade e amor ao próximo.
rogerioliveira1@gmail.com
Postar um comentário
Obrigada por dar a sua opinião.
Elogie, critique, mas faça isso com educação.
- Comentário com palavras de baixo calão será excluído.