__ Euterpe, minha filha, esta é a palavra
que, conjugada, ou melhor, contraponteada com Vozes, poderá definir o nome que
vocês estão procurando. Euterpe, filha de Zeus, era a musa protetora das artes,
e entre elas, a música que na mitologia grega significa a melhor fonte do
prazer. Junte Vozes com Euterpe e você terá Vozes de Euterpe, um nome pleno de
significado para o coral que vocês estão criando. Este é um diálogo imaginário
que tento criar entre pai e filha, no dia 12 de maio de 1962, quando Maria Alba
Faria de Mendonça, pianista e cantora propôs em reunião, o nome para o coral.
Bem, foi daí, isto é, do diálogo imaginário – que na verdade não era tão
imaginário assim, a não ser pelas circunstâncias - que Waldemar Pereira de
Mendonça, o grande maestro da Santa Cecília, compositor e instrumentista, autor
do singelo Hino a Brasópolis, com letra de Alfredo de Oliveira Noronha, sugeriu
o pomposo nome para o coral que hoje completa 50 anos, louvando e dignificando
a arte pela dedicação de seus cantores que emprestam suas vozes numa completa
doação de sua sensibilidade para o prazer de nossos ouvidos e de nossa alma.
A idéia magnífica do moço José Resende
Vilela, organista e cantor da matriz, frutificou em bom terreno, pois aquele
coro que em 1960, 61 e 62, tentava reviver a arte pura de João de Oliveira
Noronha, de Dona Assunção Braz Melo que acompanhava – nos idos de 1940 a 50 -
ao harmônio as maravilhosas vozes de Ana Júlia Gomes, Dona Nefa Machado, Amanda
Chaves, Maria José Chaves Noronha, Leonídia Pereira de Souza, Lourdes
Vergueiro, Georgina Pereira de Oliveira, Aparecida Sandy e outras, que
executavam as Ladainhas de João Batista Lehmann, nas rezas noturnas (não havia
missa no período noturno nas paróquias, era proibido pelo Vaticano). Durante o
mês de maio, havia as coroações e aquele coro da Matriz nos deixava, já como
crianças, em êxtase, pela maviosidade de suas vozes e pela qualidade exuberante
de suas interpretações; ele foi a semente prodigiosa da arte dos coros que
deram frutos a mancheias e elevaram o nome de Brasópolis.
Em 12 de maio de 1962, os cantores e
cantoras, num total 14 homens e 26 mulheres, que se reuniram no salão de festas
do Ginásio Brasópolis, para dar o primeiro fundamento concreto à criação do
glorioso e festejado coral Vozes de Euterpe e fazer a primeira audição pública,
foram José Resende Vilela, Maria Alba Faria de Mendonça, Newton Alfredo Ribeiro
de Noronha, Georgina Pereira de Oliveira, Juca Sandy (José Inácio Sandy), José
Flávio Simões, José Mauro Dias Cintra, José Vicente Mendes, Roberto Resende
Vilela, Wanderlei Campos, Marcos Faria, João Mário Braga, Décio Faria Renó,
Luiz Gonzaga Martins, Ruth Ana Simões, Edith Simões, Delma Veloso, Maria Regina
Nogueira, Maria da Glória Rebelo, Maria Dinorá Mota, Maria Terezinha Toledo,
Neuza Cintra, Lenita Simões, Ângela Dias, Afife Renó Abrahão, Maria Helena
Lobo, Maria Dorotéa Sandy, Maura Venâncio, Glória Salgado Sandy, Vitória Régia,
Maria Zélia Noronha, Marília Alvarenga Chaves, Maria Inez Ramos, Inês Maria
Dias, Maria Célia Faria, Judite Pereira Serpa, Maria Aparecida Dias, Aparecida
Toledo, Ana Maria Vergueiro e Benedita Fernandes.
Esta é a história do Coral Vozes de Euterpe
que nossos filhos, netos e a juventude Brasopolense precisa conhecer e
valorizar; afinal, como Carl Jung afirma: “o homem nasce dentro de um contexto
histórico específico com qualidades históricas específicas e, portanto, só é
completo quando tem relações com essas coisas” e o presente se agrega à
história, não tanto pela quantidade de produção, mas pela qualidade de sua ação
social na história das comunidades.
Um comentário:
O Coral Vozes de Euterpe é um grande Patrimônio Cultural,reconhecidamente em Minas,no Brasil e no exterior. O cultivo e a preservação da Música Sacra Coral faz dele o grande diferencial entre os coros existentes hoje. Fazer memória desta história de arte e cultura e reconhecer a grandeza desta terra que chama Brazópolis. Parabéns.
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