Já foi mais sedutor o chamado para chefiar o Poder Executivo
no município brasileiro. Antigamente, autoridade revestia outra simbologia. O
Prefeito, o Presidente da Câmara, o Juiz, o Delegado, o Vigário e o Diretor do
Grupo Escolar eram respeitados e festejados. A sociedade era relativamente
estável. As cobranças por obras e feitos eram respeitosas. Isso porque na
hierarquia dos valores, o trabalho ocupava espaço privilegiado. Quem queria
casa primeiro comprava o terreno, suando para pagar as prestações. Depois era a
luta da construção, para a qual podiam ser convocados parentes e amigos em
mutirões. Não era incomum que o término da obra dependesse dos escassos
ingressos financeiros. Mas quando alguém podia entrar numa casa resultante do
sacrifício, dormia o sono dos justos.
Hoje tudo é diferente. Os direitos proliferam, se
intensificam e legitimam reivindicações ruidosas. Todos têm noção de que o
ordenamento jurídico, a partir da Constituição Cidadã, confere a cada ser
humano direitos fundamentais que se explicitam em nada menos do que 78 incisos
do artigo 5º do pacto federativo. Direitos exigidos sem contraprestação.
Direitos a serem fruídos em plenitude.
Ora, ninguém mora na União, nem no Estado. Mora na cidade.
Por isso, o Prefeito é o responsável por prodigalizar a fruição desses bens da
vida.
Para lembrá-lo disso, existem instrumentos também acolhidos
na lei. Ação Civil Pública, Mandado de Segurança, Cautelares Inominadas. A “era
dos direitos” garante sua concessão a todos, indistintamente. Suplantou-se a
fase de que o mérito do ato administrativo era insuscetível de apreciação
judicial. Hoje, as políticas públicas são traçadas nos Tribunais.
O Município é a mais prejudicada dentre as entidades da
Federação. A União arrecada muito - vide o “impostômetro” da capital paulista,
incessante ao registrar o crescimento do Erário - e distribui pouco. Prestações
que seriam federais, ou mesmo estaduais, recaem na conta do Prefeito.
Alguém pode dizer: mas no seu tempo, os Prefeitos morriam
pobres. Essa é uma outra história. Hoje, os Chefes do Executivo de inúmeras
cidades estão desesperados com a multiplicação das demandas da saúde, das
moradias, das vagas em creche. E dizem por aí que em relação às Prefeitas, a
situação ainda é pior.
Mesmo assim, há quem queira ser Prefeito no Brasil de nossos
dias.
José Renato Nalini é presidente do Tribunal de Justiça de
São Paulo.
4 comentários:
Hoje em dia o qe vemos e o pessoal qerendo ser prefeito pelo alto salario , onde ja se viu um prefeitinho de uma cidade como brazopolis qe nao existe nem trabaho para o povo ganhar 9.000 reais ,o atrativo na funcao sem duvida e o salario, pq se nao fosse so pelo salario nossa cidade nao estaria essa merda qe esta ,
Fatima, dá um sabugo bem grosso pra este anonimo de 20:51. Que pessoa amargurada, nada tá bom pra ele.
Ao anônimo 25 de abril de 2015 11:50 : Como assim nada está bom pra ele ?
Pra você, está bom como está a nossa cidade ? Está tudo as mil maravilhas ?
Se orienta, meu caro! Nossa cidade está largada!
Sem mais!
Governar e trabalhar e assumir compromissos, esta frase passa longe do prefeito de brazopolis, sabe de nada inocente
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