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5 de março de 2016

“Da árvore do silêncio pende seu fruto, a paz” - Arthur Schopenhauer



 Nós os índios, conhecemos o silêncio.  Não temos medo dele.  Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.  Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles nos transmitiram esse conhecimento.



“Observa, escuta, e logo atua”, nos diziam.  Esta é a maneira correta de viver. Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes.  Observa os anciões para ver como se comportam.  Observa o homem branco para ver o que querem.  Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás. Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.



Com vocês, brancos, é o contrário. Vocês aprendem falando.  Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.  Em suas festas, todos tratam de falar. No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes.  E chamam isso de “resolver um problema”.  Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos.  Precisam  preencher o espaço com sons.  Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer. Vocês gostam de discutir.   Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.  Sempre interrompem. Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.



Se começas a falar, eu não vou te interromper.  Te escutarei.  Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo.  Mas não vou interromper-te. Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante. Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei.  Terás dito o que preciso saber.  Não há mais nada a dizer.  Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.



Deveríamos pensar nas suas palavras como se fossem sementes.  Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.  Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la. Existem muitas vozes além das nossas.  Muitas vozes. Só vamos escutá-las em silêncio.

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