Quando se anunciava
os sinais de agonia Império, pelo contínuo avanço do ideal republicano, acariciado
pelo gênio de Tiradentes e balsamizado pelo seu sangue generoso, Brazópolis era
um povoado pequenino e humilde que
acudia o doce nome Bom Sucesso, sob as benção de seu glorioso orago São
Caetano. A gente de antanho, que soubera dominar a terra, dela tirando os
frutos de subsistência, sabia tirar do coração os primores da bondade humana,
na compreensão dos direitos do homem. Odiava a instituição terrível, que manchava
a cultura da América Latina. Envergonhava-se de que os seus semelhantes,
moldados pelo Criador ao influxo de Seu divino sopro, amargassem a miséria da
escravidão, em trabalhos terríveis, sem a paga senão do látego e da fome. Brazópolis
antiga, no seu recanto humilde, entre montanhas, sob o olhar de sua sentinela
estranha e lendária, que é a “Lage”,
sentia as dores de seus escravos e se revoltava sempre consigo própria, diante
das palavras sagradas que ouvia em sua capela escura, mas cheia de ardente e
generosa fé: “Amai-vos uns aos outros”. O tema imortal de Cristo, como lei
sagrada que penetrou no fundo do coração do povo antigo, era a seus olhos uma
inscrição inútil, vazia de sentido e ação.
E a si mesmos se perguntavam os varões austeros que foram Manoel José Veloso,
José Pereira Braga, Pedro Gomes, José Pereira Gomes e João Pereira dos Santos; “De
que maneira amar os nossos semelhantes, se estão eles sob ferros, sob o peso do
tronco?” De que maneira dar-lhes a nossa afeição cristã, se estão nus e têm
fome, se não tem o sagrado privilégio de ir e vir a qualquer parte? Não estão
eles sob a vigilância do capataz, representação do nosso poderio?” Sem que lessem
tratados de enciclopedistas, dos precursores da revolução francesa, tinham eles,
entretanto, a lei mais alta e mais sublime de todos os tempos: a palavra de
Cristo. Sabiam da verdade eterna que não permite explore o homem o próprio
homem, nem tolerem que se atem cargas pesadas sobre os semelhantes. Assim,
animados se sentimentos puros de fraternidade humana, antes que viesse a Lei de
13 de maio de 1888, trataram de libertar os próprios escravos restituindo-lhes
a dignidade alta de pessoa humana. Que louvores há que possam enaltecer a
grandeza de atitude da gente admirável, na antecipação de atos dos poderes da
época? Nenhum, dada a grandeza do ato, que além de constituir manifestação de
fé, tem o selo alto, o selo generoso do culto da liberdade. Bem haja a gente
generosa de Brazópolis, a adorada Bom Sucesso de outrora, a encantadora São
Caetano da Vargem Grande, que sempre teve a fibra dos lutadores do ideal da humanidade,
da bandeira da liberdade e da chama ardente dos princípios republicanos,
ardentemente defendidos pelo maravilhosos estudante que foi José Pereira Gouvêa,
alma de herói, animada até ao sacrifício da vida, nos dias sangrentos de 1893.
Brazópolis, na sua
história, sempre foi e será sempre
guardião da liberdade. É a sua glória, na modéstia encantadora de sua vida.
Raul Gama e sua esposa Mirian - Foto de família
Raul Gama Martins
de Oliveira, nasceu em maio de 1925 em Rio Novo. Casou-se com Mirian Braz de
Faria e tiveram as filhas Waleska, Gisele, Adriana e Patrícia.
Veio muito
jovem pra Brazópolis para trabalhar como funcionário da Coletoria Federal, onde
durante muito tempo exerceu o cargo de Escrivão e posteriormente foi nomeado
Exator Federal de Brazópolis.
Foi Inspetor
Federal do Ginásio Brazópolis e da Escola Normal “Nossa Senhora Aparecida”. Foi
também professor da Escola Técnica de Comércio de Brazópolis.
Formou-se
pela Faculdade de Direito de Niterói e frequentou o curso de História da da
Faculdade de Filosofia de Itajubá.
Foi redator e
um dos fundadores do Jornal Brazópolis onde manteve uma coluna por muitos anos.
Foi eleito
vereador em 1956 e exerceu o cargo de Presidente da Câmara em 1958.
Foi
vice-presidente do Clube Wenceslau Braz e Presidente do Clube Operário.
Discursava
em palanques políticos, cerimônias cívicas e
sociais.
Participava
de festas religiosas e beneficentes.
Recebeu o
Título de cidadão brazopolense, pela Câmara Municipal em 1964.
Raul Gama
faleceu em fevereiro de 1967, aos 41 anos.
Hoje dá o
nome à Praça em que ainda hoje mora sua filha Adriana.
Fonte: Livro “Escritores
de Brazópolis” de Isa de Faria
Guimarães.
Um comentário:
Fatima, fiquei feliz demais com sua homenagem e lembrança de papai. Papai foi um homem muito ativo, gostava de estudar e de estar presente em todos os seguimentos da sociedade.Foi um bom exemplo para nós. Obrigada!
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