6 ANOS LEVANDO AS NOTÍCIAS DA TERRINHA QUERIDA

AQUI, FÁTIMA NORONHA TRAZ NOTÍCIAS DE SUA PEQUENA BRAZÓPOLIS, CIDADE DO SUL DE MINAS GERAIS.

E-MAIL DE CONTATO: fatinoronha@gmail.com

9 de setembro de 2010

OS BROCHES DA MARTA (2) – Renato Lôbo

No bar do Jucabé Marta almoçava.

Já o bar do Jucabé era uma instituição da Terra da Vargem Grande. Ali tinha picolé de groselha, doce do caminhão verde da Neuza, pé de moleque (quase) de Piranguinho, figurinha de álbum, canudo de doce de leite com leite doce escorrendo do lado de fora, madalenas da D. Maria Claudina nunca mais vistas, pirulito da Julita e outro pirulito vermelho em forma de chupeta ou de galo (nunca entendi o galo que enroscava na boca!) com açúcar por cima, pastel de carne e de queijo, chouriço e lingüiça fritos, guaraná Rádio, pinga Aurora e Amélia e 51 e mais uma sem nome de garrafa verde escuro,. Tinha mesa de bilhar e de pebolim. Tinha cartela de jogo pra furar. Tinha o “Nome da sua simpatia”, quem acertasse ganhava. E tinha surpresinha pra ser comprada em caixa fechada e que a criança realmente ficava surpresa quando abria! Tinha a foto do Getúlio, de Nossa Senhora e do Padre Donizeti de Tambaú. Tinha balcão de todo jeito, de toda cor e de todo tamanho. E tinha gente. Um bocado de gente.

Tinha o Jucabé, o Chico do Jucabé e os netos do Jucabé. Tinha o Zé da Fazenda e a mulher do Zé da Fazenda. Tinha o Oscar Mesquita que (com o perdão da má palavra) “filava bóia” por lá. Tinha o Vicente relojoeiro que ficava ali, conversando, de olho na porta da frente, no lado de lá da rua. Tinha a criançada da rua que não saía de lá. E tinha os tropeiros e os cavaleiros e os cavalos, não dentro, claro, mas do lado de fora, amarrados no poste.

Era ali que Marta almoçava, todo dia, exatamente, quinze pro meio-dia. Ela se sentava numa mesa, com toalhas de quadrado vermelho e branco. Os pratos eram levados no prato mesmo. Pra que a travessa? Pra que complicação? Copo de vidro e guaraná caçulinha. E ela comia, de garfo e faca e broches. Custa a crer que os broches ali coubessem. Mas cabiam. E não só cabiam: sobravam, destoavam, enriqueciam, assombravam, iluminavam. Dá pra imaginar? Não, não dá. Só quem viu.

Será que o Jucabé cobrava o almoço dela? Decerto. Mas não devia, veja só! O bar era uma instituição. Mas Marta era institucional. O bar era tombado pelo patrimônio histórico da rua Antonio Pereira. A Marta era a história viva, que andava, melhor desfilava, com passinhos sobre a pedra, curtos e rápidos, de sapatinhos pretos, tailleur ton-sur-ton e, ah, os broches: os broches da Marta. Que nunca mais vi igual!

5 comentários:

Anônimo disse...

Renato, parabéns! Não perco uma ! Um show!
Saudades, muitas saudades!
Fátima da Teresa Moraes.

Angélica do Braz disse...

Marta, uma figura inesquicível!
Renato escreve e consigo visualizá-la.
Parece que foi ontem.

Anônimo disse...

FÓtima, (assim mesmo!),
aguarde. Estou preparando uma sobre a Teresa do Joaquim do Clube que vai edição de luxo.
Saudades também.
Renatinho

Anônimo disse...

Ah! Ah! Ah! Estou te aguardando!
Um abraço grande ! Com carinho:

Fátima da Teresa Moraes

Fernanda da Teresa Moraes e do Jarbas disse...

Bem lembrado: a FÓtima. rsrsrs.E eu estou aguardando mais ainda. Já adorei a do Cartório do Jarbas. Da minha mãe melhor ainda. Um abraço Renatinho.

Postar um comentário

Obrigada por dar a sua opinião.
Elogie, critique, mas faça isso com educação.
- Comentário com palavras de baixo calão será excluído.